Notas Taquigráficas
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R | O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fala da Presidência.) - Bom dia a todos. Havendo número regimental, declaro aberta a 8ª Reunião, Extraordinária, da Comissão de Segurança Pública. (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A presente audiência pública tem como objetivo obter informações e esclarecimentos sobre o áudio vazado de Eduardo Tagliaferro, ex-Assessor do Ministro Alexandre de Moraes, acerca de ameaças de morte contra ele, nos termos dos Requerimentos nºs 5 e 7, de 2025, de autoria do Senador Eduardo Girão. Comunico que a audiência pública será interativa, transmitida ao vivo e aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet, no endereço senado.leg.br/ecidadania ou pelo telefone 0800 0612211. O relatório completo, com todas as manifestações, estará disponível no portal, assim como as apresentações que forem utilizadas pelos expositores. Já há participação de algumas pessoas aqui, pelo Portal e-Cidadania, com perguntas que nós vamos fazer no momento oportuno. Lembro aqui que, entre os convidados aprovados nos requerimentos do Senador Eduardo Girão, estão o Exmo. Sr. Alexandre de Moraes, Ministro do Supremo Tribunal Federal - não estou vendo a presença dele aqui -; Sr. Sérgio Tavares, Jornalista; Sr. Eduardo Tagliaferro, Perito Digital e ex-Chefe de Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral); Marco Antonio Martin Vargas, Juiz Substituto de 2º Grau do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e ex-Juiz Auxiliar no Gabinete do Ministro Alexandre de Moraes; Sr. Airton Vieira, Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e ex-Juiz Instrutor no Gabinete do Ministro Alexandre de Moraes; e Sr. Glenn Greenwald, Jornalista. Bom, nós temos aqui a presença física do jornalista Glenn Greenwald, a quem eu quero agradecer, mais uma vez, pela colaboração que você tem dado à nossa democracia. |
R | Todos nós sabemos as pressões que existem, e não são diferentes aqui também contra Parlamentares, para você ver a que nível chegou a nossa democracia: muitos Parlamentares, Glenn, com receio de subir à tribuna e falar alguma coisa, porque, a qualquer momento, podem ser pinçados para dentro de um processo judicial, de uma investigação. Acabou de acontecer com um colega nosso de bancada, o Deputado Sóstenes Cavalcante, que deu uma opinião sobre um determinado assunto de emendas parlamentares, e simplesmente um Ministro do Supremo, o Sr. Flávio Dino, dá 48 horas para que ele explique o que é que ele quis dizer quando não havia mais acordo sobre emendas. Quer dizer, nem a prerrogativa de um Parlamentar de falar o que pensa, de dar uma entrevista está sendo mais respeitada. E eu lamento que aqui no Senado a gente ainda não tenha número para fazer o que nos cabe para retomar a normalidade na nossa democracia. E também temos aqui, online, o jornalista Sérgio Tavares, que também nos honra com as suas palavras... Eu vou só fazer os seguintes procedimentos, se todos concordarem: a gente passa a palavra por 20 minutos para o jornalista Sérgio Tavares, para ele fazer as suas considerações; na sequência, nós passamos aqui para o Glenn também fazer a sua exposição; e aí depois nós começamos aqui as perguntas dos Parlamentares, para que possamos trazer à tona essa situação ainda muito obscura, com informações que não vieram, de forma integral, à tona ainda, e é isso que nós esperamos que esta Comissão de Segurança Pública possa fazer. Já que há, pelo que nós acompanhamos na imprensa, ameaças de morte a uma pessoa, obviamente é um tema que cabe a esta Comissão tratar. Senador Magno Malta, quer fazer uso da palavra? O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Pela ordem.) - Desejo, Sr. Presidente. Quero cumprimentar o Glenn, sempre corajoso na sua posição e seguindo o seu juramento de jornalista, expondo sempre a verdade, e quero lamentar... Quer dizer: agradecer a Deus, a priori, por esta audiência pública, a iniciativa do Senador Girão. Lembro-me de que, lá atrás, fiz uma convocação do Tagliaferro e fiz contato com o advogado dele, e ele disse que viria como convidado, depois recuou dizendo que temia pela própria vida - o advogado falou comigo -, e eu não vou fazer aqui outras considerações do que falamos, porque nós estamos ao vivo. Eu estou informado de que todas as redes de comunicação, todos os blogues de direita, todos eles estão ao vivo, neste momento, inclusive a Auriverde, neste momento transmitindo esta audiência, e V. Exa. começou lendo os nomes que foram convidados a vir e leu o nome de Alexandre de Moraes, essa figura impoluta, nojenta, essa figura que afronta este país como se ele tivesse o poder absoluto. Ele se comporta... Ele é o Calígula do Brasil. Ele é o faraó do Brasil. Ele é o Nero do Brasil. E me admira, porque eu estava aqui quando ele veio aqui, humildezinho, com um currículo na mão, batendo de porta em porta, jurando fidelidade à Constituição e pedindo, pelo amor de Deus, por um voto. E eu estou falando isso porque ele não está nem aí para esta Casa. Ele não tem o menor respeito por esta Casa. Ele não tem o menor respeito pela Mesa desta Casa, que, infelizmente... Eu sempre falei a mesma coisa: eles assumem a Presidência fazendo discurso de estadistas que eles não são, porque, na verdade, eles morrem de medo de Alexandre de Moraes e passam a ser tão somente comunicadores, dadores de recado das reuniões secretas feitas com Alexandre de Moraes. Aliás, não tem nem reunião secreta mais. |
R | Veja essa viagem agora para o velório do Papa, para velar o corpo do Papa. A comitiva de Trump tinha duas pessoas; a do Brasil tinha gente que estava escondida dentro do Aerolula e, que não estava nem na lista, só se descobriu, porque, numa filmagem, numa entrevista, estava por trás da figura também impoluta, poderosa... E eu estava vindo no carro, ouvindo o discurso dele, enquanto advogado, defendendo o Cesare Battisti. Que discurso lindo! Que perspicácia! Que capacidade de defender um homem com 60 anos, Cesare Battisti, que não merece morrer no cárcere, porque não cometeu crime para tal - um homem de 60 anos! Que cara de pau! Que cara de pau! E ele não tem o mínimo respeito por esta Casa. O Brasil tem três Poderes - um está com o pescoço de fora e os outros dois estão afogados. V. Exa. leu o nome dele aí, e ele nem para dizer assim: "Olhe, cambada de otários, eu não vou". O outro chamou de mané, né? Esse poderia até chamar de otários. "Eu não vou." E eu só o recebi porque eu tenho respeito ao Temer, gratidão ao Temer, Senador Flávio. Quando eu falo gratidão ao Temer, é porque, quando eu cheguei à Câmara Federal, como Deputado Federal, e com quatro meses eu me tornei o Presidente da maior CPI da história do país, a CPI do Narcotráfico, o Temer era o Presidente da Casa e me deu o maior apoio. Eu só era um novato de quatro meses, vindo de um estado pequeno. E o Temer me pediu para recebê-lo. E que pessoa fingida, educada, me deu o currículo dele. Eu falei: "Não, eu não quero o seu currículo". Porque currículo não quer dizer nada. O que é indicado para uma posição como essa... Certamente o currículo ele tem. Eu quero saber o que o indivíduo pensa, o comportamento do indivíduo, como ele age, a sua vida pregressa. E hoje eles agem como se não tivessem vida pregressa. Eles começaram do zero, limpíssimos, quando colocaram a toga nas costas. Então, é relevante demais falar sobre isso, sobre a ausência desse elemento. Eu me recuso a chamar de ministro esse indivíduo. E são milhares de pessoas. Ele é que faz o discurso pedindo perdão para Cesare Battisti, um terrorista: "Gente, já se passaram trinta anos. Ele está sendo punido, um senhor de 60 anos". Quer dizer, alguém de 60 anos é um senhor - né? -, mas no 8 de janeiro não existe senhorzinho nem senhorinha, né? Eles falam com deboche. Eles falam com deboche. Eu preciso fazer e precisava fazer essa fala porque nós estamos começando, antes que os nossos convidados falem, para que a nossa audiência fique conosco. Fique conosco e saiba a nossa audiência que o imperador do Brasil foi convidado, que o inoxidável foi convidado, que o manda tudo foi convidado, mas ele não tem o mínimo respeito. E aí V. Exa. diz: "Nós somos uma minoria, não podemos fazer nada". Mas nós podemos, Senador Flávio, porque uma árvore frondosa, que a gente olha e acha tão linda, não nasceu árvore frondosa, um dia foi só uma semente. E nós temos que regar essa semente, porque, em 2026, se este Parlamento, se o Brasil não acordar para entregar a esta Casa gente que tem sangue no olho, destemida, gente que nasceu desmamado, com a faca no meio dos dentes, para poder enfrentar esse terror imposto ao país pelo Supremo Tribunal Federal, com a vênia desse consórcio e cooperativa toda que dirige o Brasil hoje, que inclusive vai ter até camisa vermelha para a seleção brasileira... |
R | Eu desafio: se os estádios já estão vazios hoje, se a seleção brasileira já não chama mais a atenção de ninguém, a chamada Seleção Canarinho por causa do amarelo, os jogos da seleção vestida de vermelho vai juntar tanta multidão como o Lula junta hoje nos estádios. Eu tenho certeza de que diversos jogadores de qualidade convocados dirão: "Vai vestir a camisa vermelha? Eu recuso a convocação". Eu tenho certeza! Olhe aonde nós chegamos! Mas é um país em que a cada dia nós descobrimos uma tramoia. E eles não entenderam ainda que não dá mais para fazer tramoia no escuro, porque a Bíblia diz que tudo que é feito nas trevas um dia virá à luz. Eu sei que o depoimento do Glenn aqui hoje, do Sérgio Tavares e a ausência do Tagliaferro... E eu quero insistir, se o Senador Girão tiver aí as gravações, o áudio dos dois, a partir de onde a gente tem também a certeza de que, de fato, ele mirava Eduardo Bolsonaro, seu irmão. Mirava Eduardo Bolsonaro, e aí o pai, quando tem um filho... Eu vou lhe contar uma história, Senador. Permitam-me, Senador Girão, Senador Mourão e o Glenn, por um minuto. Aos 17 anos, eu li um livro chamado Torturado por Amor a Cristo, escrito por... Como é o nome dele? Esse homem passou muitos anos na solitária. Quando na Guerra Fria, na cortina de ferro, na época da cortina de ferro quando cristãos eram mortos, quando eles eram encontrados cultuando em cavernas, esse homem ficou numa solitária, onde ele tinha que ficar sentado, com água pingando na cabeça dele de manhã, de tarde e de noite. Todos os dias ele era torturado, para que ele dissesse, para que ele contasse onde estavam os outros cristãos - Richard Wurmbrand, Torturado por Amor a Cristo. E esse homem conta que eles o levavam para o pátio e o retalhavam com navalha. E diziam: "Nega teu Cristo, nega teu Cristo, e nós te daremos a oportunidade de vida". E o obrigavam a comer as próprias fezes. E ele nunca se esqueceu da palavra de Jesus: "Aquele que tentava ganhar a sua vida perdê-la-á, mas aquele que perder a sua vida por amor de mim achá-la-á". E ele diz que em um dia de domingo, ele foi levado para o pátio e, ao chegar no pátio, ele viu o filho dele mais novo, que eles haviam capturado. E eles começam, então, a obrigar o menino a comer as próprias fezes, e começam a retalhá-lo, a cortar o garoto como cortavam o pai. |
R | E, num determinado momento, ele começou a chorar, se aproximou do filho, porque estava algemado, e disse: "Meu filho, eu vou falar, eu vou falar. Eu vou dizer onde estão os nossos irmãos, porque eu não aguento ver você morrer assim. Você é meu filho. Eles queriam seu irmão para atingir seu pai". Ele disse: "Eu vou falar. Agora não tem mais jeito. Você é meu sangue, você é meu filho". E aquele garoto de apenas 12 anos olhou para o pai e disse: "Não, papai, não seja um traidor do evangelho. Deixe, deixe que eles me matem. Eu morrerei dizendo que Jesus é minha terra natal". A terra natal é onde nós nascemos. O que aquele garoto estava dizendo é: "Eu nasci em Cristo. Ele é minha terra natal". O senhor sabe por quê? Eu não tenho mais coragem do que ninguém, não sou mais valente do que ninguém, muito pelo contrário. Coragem não é ausência de medo. Mas é porque o Apóstolo Paulo, intérprete da mente de Cristo, disse: "Importa agradar a Deus e não aos homens". E a vida diz que, ao rei, tudo, menos a honra. "Aquele que tentar ganhar a sua vida perdê-la-á, mas aquele que a perder por amor de mim..." Essa é a razão da minha fala, da minha vida, do meu destemor com relação ao que o Brasil vive neste momento da nossa história. Podem vir me matar. Inventem. Porque eles inventam lei, eles estão inventando lei agora, eles estão inventando outro ordenamento jurídico. Os Presidentes das duas Casas estão sendo chamados para combinar a diminuição de pena, diminuir... Não existe... Nós não estamos querendo diminuição de pena. Nós queremos é anistia para quem não fez crime. E nós não vamos aceitar isso. Para mim, Senador Flávio, ainda que me matem - porque comigo só se matar mesmo -, ainda que me prendam, eu não vou parar de falar. Esse ditador não terá um dia de sossego com relação a mim pelas minhas crenças, pela minha fé e pelo amor que eu tenho ao meu país. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Senador Magno Malta. Parabéns pelas suas palavras. Eu tenho que fazer uma correção do que eu disse. Por enquanto - por enquanto -, ainda não temos o número, mas temos aqui uma qualidade de Senadores que cada dia colocam um tijolinho nessa ponte que nós vamos construir, se Deus quiser, para chegar a ter a libertação do nosso país da mão de quem tanto destrói a nossa democracia. É impressionante aquela máxima: xingue-os do que você é, acuse-os de fazer o que você faz. Como eles a usam contra nós! Porque nós é que somos os verdadeiros defensores da democracia. Eles estão acabando, corroendo, destruindo a democracia, e têm lá o discurso de defesa da democracia, mas, graças à publicidade que nós temos hoje sem o controle integral dos grandes veículos de comunicação, a gente consegue mostrar a verdade ao público. Então, eu quero agradecer a todos os portais que estão transmitindo conosco esta audiência pública. Continuem aqui nos assistindo, porque tenho certeza de que tanto o Glenn quanto o Sérgio Tavares vão ter bastante coisa a acrescentar a tudo que já foi dito até hoje. Senador Girão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Presidente, eu vou ser muito rápido, porque o objetivo nosso é ouvir tanto o Sr. Glenn Greenwald, que é um jornalista norte-americano que tem dedicado um trabalho incansável à democracia do Brasil... Quero dizer que ele teve que fazer um malabarismo para estar hoje aqui em Brasília. |
R | Quero agradecer a sua presença, Glenn, e a sua coragem também. Quero agradecer ao Sérgio Tavares, que alterou um voo, ele estaria em voo agora, de Bruxelas para Lisboa, e ele o adiou para participar dessa audiência. Quero saudar o senhor pelo seu aniversário. Tinha que cair... E não foi uma coisa... Foi um acaso, mas nada é por acaso. A audiência seria ontem, e a gente adiou por 24 horas para tentar encaixar a agenda, especialmente do jornalista Glenn. Até a última hora, esta Comissão - quero cumprimentar a Comissão -, nosso gabinete também, esteve em contato com o advogado do Sr. Tagliaferro. Infelizmente, não foi possível, a gente compreende, mas não vamos desistir, nós vamos continuar aqui. Tenho certeza de que muita coisa virá à tona hoje, e nós vamos continuar também para, em outro momento, ouvir o Sr. Tagliaferro e o Sr. Airton Vieira, que é assessor direto do Ministro Moraes, que foi... E também quero lamentar, Senador Rogerio Marinho, Líder da Oposição, que está aqui conosco também, Senador Mourão, Senador Magno Malta, Senador Portinho, que vai entrar também para fazer perguntas de forma virtual, ele está no Rio de Janeiro, quero lamentar que, pela oitava vez, o Ministro Alexandre de Moraes é convidado, não apenas por Comissões do Senado, mas pelo Plenário do Senado, para participar de debates, para trocar ideias aqui conosco sobre o segredismo que existe em tribunais superiores no Brasil, decisões nada republicanas, inversão completa de valores, desrespeito à Constituição do Brasil, e ele não atende a este Senado, ou seja, desqualifica, diminui o Senado Federal. Mas nós temos aqui um grupo de Senadores que não abaixa a cabeça para isso, que não se intimida, e nós vamos continuar fazendo o nosso trabalho, no limite das nossas forças. Então, mais uma vez, parabéns! Que Deus lhe dê muita luz, Senador Flávio Bolsonaro, saúde, realizações na sua vida, que tenha muitos anos. Parabéns pelo seu aniversário! O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Senador Girão. Antes de passar a palavra ao Senador Rogerio Marinho, informo que a assessoria acaba de me trazer que alguns dos convidados que não compareceram responderam, pelo menos. O Sr. Marco Antonio Martin Vargas simplesmente comunicou que não poderá comparecer à audiência, não fala por quê, mas as pessoas que estão nos assistindo têm que entender que esta Comissão não tem o poder de convocar esses convidados, temos que convidar, não é uma CPI. O Desembargador Airton Vieira também disse que não poderia comparecer em razão da participação dele, na mesma data, na sessão de julgamento no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. E há uma resposta também do advogado do Sr. Tagliaferro, Dr. Eduardo Kuntz, respondendo que infelizmente não pode confirmar a presença por ele e, como sugestão, ele solicita, Senador Girão, que seja proposta uma nova data para essa oitiva e com a possibilidade de comparecimento virtual. |
R | Então, vamos insistir para que, em algum momento, o senhor Tagliaferro possa, ainda que virtualmente, fazer essa oitiva conosco. Senador Rogerio Marinho. O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Pela ordem.) - Senador Flávio, Srs. Senadores aqui presentes, ilustre convidado Glenn, Sérgio, que está via internet, quero saudá-lo também. Eu acredito que nós temos que manter a pressão, nós não podemos desistir, nós não podemos aceitar que esse é o novo normal, em que a Justiça vive de jurisprudência de exceções, de conveniência, de circunstância. Nós estamos tendo, literalmente, onze constituições no Brasil e não uma Corte que deveria se debruçar sobre as eventuais querelas que a ela fossem oferecidas ou demandadas. Nós temos, e não podemos esquecer nunca, nós temos, há mais de seis anos, um inquérito aberto, que é o inquérito do fim do mundo, o inquérito de fake news. Hoje inclusive um editorial de O Estado de S. Paulo disse que essa é uma espécie de botão de emergência que o STF aciona para se proteger. De quem? De quem o STF precisa se proteger? Da sociedade brasileira, para quem ela deve ser a guardiã da lei maior? Das críticas ou eventuais contestações que os recivilizadores da nação têm ordinariamente desfilado como lugares comuns? Porque no Brasil hoje o Ministro do STF dá entrevistas como se fosse um jogador de futebol, como se fosse uma vedete ou um político, tratando de temas que não deveriam ser tratados por quem é juiz. O juiz deveria falar nos autos, foi o que nós aprendemos, é o que diz a nossa legislação. Então, há um permanente prejulgamento, uma indução, uma invasão de competências que só se agiganta e, o que é pior, aí eu quero chamar a atenção dos meus pares: isso está normalizado. Eu fui abordado pela imprensa essa semana, eminente Senador Flávio, me dizendo o seguinte: "O STF, junto com o Presidente Davi e o Presidente Hugo, estão tratando de um projeto de lei que vai distender a relação entre os dois Poderes". Eu olhei para a repórter, ela ao lado de outro, e disse: "Houve uma revogação da Constituição brasileira? Não existe mais o princípio da separação dos Poderes?". Você me pergunta isso com a naturalidade como se nós estivéssemos vivendo num mundo em que os nossos parâmetros, as nossas referências, a nossa previsibilidade fosse colocada de pernas para o ar e isso não fosse um escândalo. Porque o que acontece no Brasil hoje é um escândalo, é uma disfuncionalidade, é uma agigantamento, é uma hipertrofia de um Poder que hoje, de fato, define de briga de galo a disputas de marco temporal. O nosso Supremo Tribunal Federal virou uma delegacia de polícia. Isso faz mal à democracia, faz mal à democracia. |
R | Então, eu acho que aqui nós temos uma oportunidade de conversar com alguém que tem uma certa, como eu poderia dizer, blindagem, já que não é um cidadão brasileiro, apesar de viver a vida do país, ter conhecimento das referências do país, ter, inclusive, militado como jornalista e como ativista, até, no espectro ideológico, brigou com um lado, brigou com o outro, o que mostra a sua isenção e o seu cuidado de querer buscar a verdade, de apontar as incoerências, as incongruências, os paradoxos de alguém que prega uma coisa, faz um discurso de uma forma, mas se comporta de uma maneira completamente diferente quando no exercício de um cargo público. Ontem nós discutíamos a questão do INSS. Desculpe-me por me alongar, mas é porque eu estou, em qualquer oportunidade, querendo desabafar sobre o que está acontecendo com o Brasil. Eu vi um desfile de Líderes no Senado da República, do Governo, com argumentos os mais pueris, dizendo: "Olha, houve roubo, sim, mas nós é que o apuramos". Nós quem, cara pálida? O órgão do Estado passou a ser de propriedade do Partido dos Trabalhadores? A Polícia Federal, a CGU, a AGU, o Ministério Público? Porque é assim que eles tratam a máquina pública. Apropriação... É apropriação, de fato, do que é política de Estado para ser política de um partido. Não, eu não aceito isso como normal. É evidente que o roubo de um aposentado fragilizado, muitas vezes, semianalfabeto, que não tem a capacidade de olhar o seu holerite, o seu contracheque e verificar que o desconto que está acontecendo ali não foi o que ele permitiu. E nós estamos falando de tirar R$20 de alguém que usa aquele recurso - R$1,5 mil - para prover a sua família. Tirar R$50... Você está literalmente roubando de idosos fragilizados. E isso está no DNA desse partido. Está impregnado. Os mesmos métodos, os mesmos personagens. E nós já conhecemos o final desse filme. O Carlos Lupi é aquele mesmo que foi Ministro do Trabalho do Governo de Dilma e do de Lula. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Demitido em 2011 pela mesma razão. O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN) - Demitido por corrupção. E é esse cidadão que volta para ser o guardião da previdência de 40 milhões de idosos brasileiros. Literalmente, é você botar a raposa para tomar conta do galinheiro. Isso é um deboche com a sociedade brasileira. E todo dia é uma notícia ruim, uma atrás da outra. Bom, desculpem o desabafo, mas é porque nós estamos vivendo aqui, literalmente, um clima kafkaniano. Isso aqui é aquele romance de Kafka. A gente não sabe onde está quem nos acusa, o que está acontecendo. É um clima esquisito no Brasil. Eu espero que a gente possa, de novo, voltar a ter referência entre o que é certo e o que é errado. E quero saudar aqui a sua coragem, Glenn, porque, para nós, é muito importante que pessoas como o senhor continuem denunciando os malfeitos de qualquer corrente ideológica, de qualquer que seja o partido político, porque nós não podemos desistir do Brasil. Nós não podemos achar que a causa não está perdida e que há uma luz no final do túnel. E não há mal, como diria o meu amigo Magno Malta, que dure para sempre. Eu tenho certeza disso. Então, bom evento! Ao meio-dia eu vou sair para fazer um debatezinho ali com o meu amigo Randolfe Rodrigues, mas volto meia hora depois e vou assistir aqui ao nosso... |
R | O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Senador Rogerio Marinho. Bom, então, sem mais delongas, eu vou passar a palavra ao jornalista Sérgio Tavares, que está conosco por videoconferência. Já quero agradecer ao Sérgio por ter mudado o seu voo para conseguir estar conosco aqui virtualmente. O senhor conhece um pouquinho a realidade do que está acontecendo e, como jornalista - como todo jornalista deveria agir - segue sendo sempre uma pessoa fiel aos fatos e não às versões. Também quero parabenizá-lo já, Sérgio, pela sua coragem e por ser, mais uma vez, um cidadão português que tem sido tão importante na nossa luta, aqui, pelo resgate da nossa democracia, no Brasil. Quando a covardia vem da mais alta corte do Judiciário deste país, nós não temos a quem legalmente recorrer, temos apenas a Deus, e ao povo que está conosco. Pessoas como o Sérgio, como o Glenn, costumo dizer, Girão, são aqueles imponderáveis, aquelas coisas inimagináveis que a gente não sabe de onde surgem, a gente atribui a Deus aparecerem para colaborar com a construção da nossa história, com a reconstrução, a retomada da nossa democracia. Então, sou muito grato aos dois. Quero passar a palavra ao jornalista Sérgio Tavares para que faça uso da mesma por até 20 minutos. Por favor, coloquem o jornalista Sérgio Tavares no ar para que todos possam assistir à sua explanação inicial. O SR. SÉRGIO TAVARES (Para expor. Por videoconferência.) - Bom dia, primeiro de tudo queria só confirmar se me estão a ouvir. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Positivo. O SR. SÉRGIO TAVARES (Por videoconferência.) - Perfeito. Então, quero começar por saudar a organização desta Comissão, nomeadamente o Senador Eduardo Girão, que me contactou, e os demais participantes. É uma iniciativa muito importante, muito pertinente, porque aqueles 24 minutos de áudio que eu divulguei ao mundo foram incrivelmente pouco escrutinados pelos influencers de direita, pelos grandes nomes da direita. Não vi muita gente a pegar declarações muito graves. Depois gostaria, também, de lamentar a ausência de Alexandre de Moraes e do próprio Tagliaferro nesta Comissão. Era essencial ouvi-los. Alexandre de Moraes como chefe de Tagliaferro. Tagliaferro era o assessor principal do gabinete de luta contra a desinformação, ou seja, era o homem que tinha que usar a criatividade, a imaginação, para criar processos e ordens judiciais, mesmo contra quem não fazia nada. É o homem que, naquele áudio, diz que tem todo o material com ele, que tem tudo para derrubar Alexandre de Moraes. São áudios que até um auditor aconselhava que nesta Comissão, depois, fossem ouvidos. Infelizmente, Alexandre de Moraes não está presente. Isso é lamentável. Primeiro, quero dizer por que esse áudio foi vazado, por que eu divulguei um áudio em que se ouvia um homem desesperado a dizer que temia pela sua vida. Porque, em primeiro lugar, estou a fazer um documentário mundial, em língua inglesa, a expor Alexandre de Moraes, que se chama The Fake Judge. Portanto, a partir da altura em que eu tenho um assessor a confessar que tem provas de ilegalidades, que tem provas de ameaças de morte, que tem provas de procedimentos incorretos por parte de Alexandre de Moraes, isso tem de constar desse documentário mundial que quer expor um homem que está a destruir a democracia do Brasil, que quer expor um homem que está a perseguir pessoas inocentes, que está a prender pessoas que não fizeram mal nenhum, que está a perseguir figuras políticas que não fizeram mal nenhum, nomeadamente Eduardo Bolsonaro, Jair Bolsonaro, Daniel Silveira, entre tantos outros. |
R | Portanto, era um áudio que era essencial aparecer nesse documentário, mas só foi postado e publicado o áudio porque essas declarações do Tagliaferro não são de agora, aconteceram há mais ou menos uns oito meses. Obviamente, se aquelas declarações fossem de agora, eu não poderia tornar público um áudio que ia pôr em causa um plano de fuga de um homem que dizia que tinha o PCC para o matar, por ordem de Alexandre de Moraes. E, portanto, é importante aqui salvaguardar isso, porque o áudio só foi tornado público porque não é de agora; ou seja, o suposto plano de fuga do Tagliaferro poderia ter acontecido, estava elaborado, e, se ele não fugiu foi porque ele não quis. E aí é que é importante esta Comissão ter trazido este tema, porque nós queremos saber como é que um homem que há oito meses atrás tinha um plano de fuga pelo Paraguai, pela Argentina, para a Itália, dizia que tinha o PCC com dinheiro para o matar, dizia que estava a ser perseguido pela Polícia Federal, pela Polícia Civil e por Alexandre de Moraes, e agora, de repente, está tranquilamente a viver novamente no Brasil. Portanto, o que é que mudou? Fez algum acordo? Deixou de sentir ameaças? Como é que é possível? Por que é que não fugiu? E nesses áudios que foram gravados pelo Oswaldo Eustáquio - e já vou falar sobre o Oswaldo Eustáquio -, o Tagliaferro garante e promete ao Oswaldo Eustáquio que iria dar entrevistas a jornais e televisões de Espanha a expor tudo, a explicar tudo o que se passa no Brasil, a expor o comportamento criminoso e ilegal de Alexandre de Moraes. O que é certo é que passaram esses oito meses, não foi dada nenhuma entrevista, nada aconteceu. São áudios também onde se houve falar de um possível acordo entre Tagliaferro e Paulo Figueiredo, que poderia dar R$1 milhão a Tagliaferro. Era importante também que Tagliaferro explicasse que acordo foi esse e por que não aconteceu também. E aqui tenho que dizer que o Paulo Figueiredo foi a figura brasileira que mais me criticou por eu ter tornado público este áudio, dizendo que perdemos um possível delator, com o que eu não concordo, porque volto a dizer que este áudio aconteceu há oito meses atrás, portanto Tagliaferro poderia ter saído, poderia ter estado em segurança, poderia ter dado todas as entrevistas, poderia ter feito o acordo com o Paulo Figueiredo, e, se não o fez, foi porque não quis. E aqui devo também dizer para todo o Brasil inteiro que Paulo Figueiredo prometeu fazer uma live comigo para esclarecermos estas questões, eu já o contatei dezenas de vezes, ele diz sempre que sim, mas arranja sempre uma desculpa para não fazer essa live comigo, diz sempre que está em viagem, está sempre em viagem, e o que é certo é que eu o vejo todas as semanas a fazer lives, as suas lives semanais, no seu estúdio normal. Eu lamento muito que isso aconteça, porque quem criou este áudio foi o Oswaldo Eustáquio, e o Oswaldo Eustáquio fez uma live comigo onde explicou tudo. Eu fiz todas as perguntas. A primeira pergunta que eu fiz ao Oswaldo Eustáquio foi: "Por que gravastes às escondidas um áudio com o Tagliaferro?". E o Oswaldo Eustáquio foi direto: "Porque estamos a falar do bem comum da nação. Mesmo que eu estivesse a trair Tagliaferro, eu precisava deste material pelo bem comum do Brasil". E aqui também é importante, antes de vos dar outras explicações do Oswaldo Eustáquio, que a mim pessoalmente não interessa quem gravou, se foi o Oswaldo Eustáquio, se foi o Zé Manoel, se foi o Chico, se foi o Francisco. A mim o que interessou foi o conteúdo dos áudios, que era fidedigno. Isso era muito importante e gravíssimo, um conteúdo gravíssimo em que temos um homem, o assessor, o homem forte de Alexandre de Moraes a expor, aflito, ao dizer que tem medo que matem a família e tem medo que o matem, desesperado, a dizer que tinha provas para delatar Alexandre de Moraes agora. Estamos a falar, volto a dizer, do chefe do gabinete de luta contra a desinformação do Alexandre de Moraes. |
R | E também perguntei ao Oswaldo Eustáquio se ele, nesse áudio, queria ajudar o Tagliaferro, por que ele então o traiu? E a resposta, como disse, foi esta: "Era pelo bem comum do Brasil". E por que Tagliaferro depois não concretizou o plano de fuga? Ele simplesmente não concretizou. Tinha rotas, tinha nomes, tinha moradas, tinha tudo. E essa é a questão que eu nunca me vou parar de fazer. Como é que um homem, em desespero, com o PCC a querer matá-lo, tinha plano de fuga e abdica desse plano, e está agora a viver tranquilamente no Brasil? Se calhar já não está a viver tranquilamente no Brasil, por isso é que agora também não está aí presente e por isso é que, como ouvimos há um bocadinho vocês dizerem, ele poderá participar numa outra Comissão via online, porque eu acredito que... eu duvido que ele esteja novamente no Brasil. Eu creio que o facto de eu ter tornado públicos estes áudios precipitou novamente a sua saída. Portanto podemos ter Tagliaferro em segurança para finalmente cumprir e ser um homem de uma vez por todas, porque, se ele tem informações... Ele diz que tem os arquivos todos, tem os ficheiros, tem os relatórios, tem os documentos, tem todas as provas que mostram que houve perseguição, que houve ilegalidades por parte do Alexandre de Moraes. Portanto, ele tem que expor ao mundo, ele tem que cumprir a sua palavra, tem que ser um homem, sim, de uma vez por todas e tem que explicar - e volto a fazer a mesma pergunta, e eu vou fazer esta pergunta sempre -, se ele tinha medo de ser morto, se ele tinha medo de ser preso, por que é que ele estava agora a trabalhar tranquilamente em São Paulo? Essa é uma questão que é muito, muito, muito importante. Portanto, quando o Tagliaferro se dignar a vir a responder a esta Comissão, é importante que ele esclareça essa questão. Depois também muitas pessoas me criticaram dizendo que... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sérgio, Sérgio, só me dá... Sérgio, está me ouvindo? O SR. SÉRGIO TAVARES (Por videoconferência.) - Sim, sim. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sérgio, só me dá um... É só um parêntese, desculpe-me interromper a sua fala, mas é importante, já que o senhor falou do Tagliaferro. Até não sei se... Se por acaso ele estivesse assistindo a esta audiência, seria interessante que ele reconsiderasse a postura dele. Porque se ele está se sentindo ameaçado de morte pelo que ele sabe, a partir do momento que ele torna público o que ele sabe, principalmente contra aquela pessoa, que é o Alexandre de Moraes, que segundo ele é a pessoa que poderia mandar matá-lo... Acho que a única defesa que o Tagliaferro tem agora, Sérgio, é exatamente trazer a público isso tudo. Porque, além de salvar a própria pele, já que se perde o interesse em queimar um arquivo vivo quando ele divulga essas coisas - e eu espero que realmente ele esteja em algum lugar seguro, independentemente de em qual país ele esteja -, fazer isso é uma forma de ele se proteger e, por consequência, eu não tenho dúvida de que isso vai fazer, para muitas pessoas que hoje, aqui no Brasil, estão presas ou estão, fora do nosso país, refugiadas, que se sentem tão perseguidas quanto o Tagliaferro, ele vai fazer um grande serviço para essas pessoas também. Porque são provas inequívocas, pelo que a gente imagina, do modus operandi do Alexandre de Moraes de perseguir as pessoas, pré-escolher seus alvos. Isso tudo não foi exposto ainda; isso ajuda a nossa luta aqui por anistia no Congresso Nacional e ajuda, sem dúvida alguma, as defesas dos perseguidos políticos a conseguirem protocolizar essas possíveis provas para anularem os julgamentos. Eu acho que esse é um grande caminho. O Tagliaferro tem uma responsabilidade enorme com o país e ele, pensando nele, pode se beneficiar e, por consequência, beneficiar também a democracia no nosso país. |
R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Senador Flávio, rapidamente, trinta segundos. Eu pedi a proteção policial ao Sr. Tagliaferro, caso ele esteja no Brasil ainda, pedi à Polícia Federal, pedi ao Ministério da Justiça e faço o encaminhamento ao senhor, para que a própria Comissão de Segurança do Senado Federal também faça essa requisição, porque a gente precisa que a verdade... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Deixa-me só voltar a palavra para o nosso Sérgio Tavares; depois a gente volta para cá, agradecendo a presença do Deputado Girão aqui também. Por favor, Sérgio, desculpe a intromissão, continue, por favor. O SR. SÉRGIO TAVARES (Por videoconferência.) - Com certeza, com certeza, essa, de fato, é uma questão muito pertinente que colocaram. Eu volto a dizer, a razão pela qual eu divulguei este áudio também era para isso mesmo, para que ele vá ao Senado explicar e expor todas as provas que tem e explicar por que deixou de ter medo. Como, há oito meses, um homem assustado e com medo de que lhe matassem a família, passados oito meses, estava a viver tranquilamente e a trabalhar tranquilamente, em São Paulo, até estes áudios serem expostos? Isso é uma coisa que tem de ser mesmo esclarecida, porque ele disse coisas gravíssimas, ele denunciou até que, por exemplo, as decisões mais graves não passavam pelos juízes auxiliares e eram diretamente dadas para Alexandre de Moraes, ou seja, não se cumpriam sequer os procedimentos legais. Portanto, há muita coisa que o Tagliaferro tem mesmo que explicar. Aí, a questão é, quando me criticaram por eu soltar estes áudios: "Ah, porque perdemos aqui um possível delator", a minha pergunta é, então, quanto mais tempo é que precisavam? Passaram-se oito meses. Queriam um ano, um ano e meio, dois anos? Se ele não falou, é porque ele simplesmente não queria. Se ele já estava de volta a trabalhar em São Paulo tranquilamente, é porque, obviamente, a minha única explicação é que ele tinha um acordo com Alexandre de Moraes e com o STF, porque não era possível. Como é que um homem assustado de morte voltaria tranquilamente e abdicaria de uma rota planejada, até porque ele chegou a sair do Brasil. Quem for ao Instagram do Tagliaferro, ele tem fotos na Itália, de férias. Ele tem passaporte italiano... Portanto, ele tinha a possibilidade de sair, ele tinha até já combinado um plano com Paulo Figueiredo para ganhar dinheiro nos Estados Unidos. Portanto, é importante que se perceba que, se eu divulguei estes áudios, não foi sem mais nem menos, foi com razões ponderadas. E não aceito que digam que eu estraguei um possível delator, porque ele teve oito meses para cumprir a promessa de dar entrevistas para o mundo, para dar entrevistas para a Espanha, para dar entrevistas para os Estados Unidos. Não deu, porque não quis. Não fugiu, porque não quis. Acusam-me também de ele agora estar em perigo de vida, de o poderem matar por minha causa. Errado! Ele teve oito meses para fugir. Volto a dizer, não fugiu, porque não quis. A minha principal motivação é que ele seja chamado a este Senado para explicar e expor as provas. Ele tem que trazer os relatórios, ele tem que dar o seu testemunho, tem que explicar por que tinha que usar a criatividade para perseguir pessoas, tem que explicar todas aquelas coisas que ele dizia. Atenção que no áudio, quando chorava, ele dizia-se arrependido. Ele pediu perdão ao Oswaldo Eustáquio por ter perseguido a sua filha Mariana, pediu perdão por uma série de coisas. Então, se ele pede perdão, por que ele continua calado? Se ele tem agora aqui uma oportunidade no Senado, de vir em segurança, de explicar ao povo brasileiro o que se passa, se ele se diz arrependido, por que é que continua calado? Por que é que temos de ser nós a falar? E a outra questão que eu também quero aqui dizer - e já estou a entrar aqui nas considerações finais - é que eu não sou daqueles que guarda informações importantes. Já não vou guardar. "São só minhas", não. "Vou pôr quando for a hora certa", não, as informações são para dar logo, porque o Brasil não pode esperar, o Brasil está a sofrer uma perseguição atroz, onde Débora Rodrigues, por pintar uma estátua com batom, apanhou 14 anos de prisão; onde Jair Bolsonaro está a ser perseguido e ameaçado de prisão sem ter feito nada, absolutamente nada. |
R | Portanto, vamos esperar mais quanto tempo? A pergunta que eu faço ao Paulo Figueiredo: Paulo Figueiredo, quer esperar mais quanto tempo? Mais um ano? Mais dois anos? Porque não és tu que estás preso, não és tu que estás na iminência de ser preso, Paulo Figueiredo. Paulo Figueiredo e todos aqueles que me criticaram: as coisas são para ser mostradas, as provas são para ser divulgadas, e os responsáveis têm de ser chamados e têm de explicar as coisas. Portanto, eu vou sempre, sempre expor tudo ao máximo, não guardarei informação para mim, não vou guardar trunfos, que não me interessam. Portanto, o Brasil não pode esperar. Portanto, quem, como eu, está a fazer um documentário mundial para ser visto de uma ponta da Terra à outra sobre Alexandre de Moraes? Obviamente, esses áudios tinham que ser expostos. Termino lamentando que os grandes nomes - eu volto aqui a dizer, os grandes influencers, muitos de direita do Brasil, não os vi a falarem sobre estes áudios, não os vi a esmiuçarem por nós, quando Tagliaferro diz: "Eu tenho tudo para derrubar esse cara, eu tinha o PCC para me matar, eu tenho todos os documentos, eu tenho tudo". Eu não os vi. Portanto, isto faz-me pensar que há aqui qualquer coisa muito maior que nos transcende. Como é que um áudio que está no meu YouTube, que está no canal do Sérgio Tavares no YouTube, que está no meu Instagram, que está em todo lado... Como é que os grandes nomes, que gostam tanto de polêmicas, gostam de serem os primeiros a dar as notícias, continuam caladinhos sobre o áudio de Tagliaferro? Não entendo, é isso que eu não entendo. Mais uma vez, agradeço o convite. Quero também parabenizar o Glenn por estar aí presente, numa Casa onde eu já estive também, depois de ter sido também perseguido por Alexandre Moraes e tratado como um criminoso. Desejo que o Glenn não passe pelo mesmo, que não o prendam, que não o interroguem e que não o tratem como um criminoso, como fizeram a mim. Parabéns a quem organizou esta Comissão, e um abraço a todos aqui, a partir de Bruxelas, Bélgica. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Sérgio. Passo a palavra ao Deputado Girão. Quer fazer alguma consideração? O SR. GENERAL GIRÃO (PL - RN. Para expor.) - Boa tarde a todos que estão participando desta audiência. Uma saudação especial ao Sr. Glenn Greenwald. Gostaria de fazer a seguinte observação: nós estamos vivendo um momento em que a população, não somente do Brasil, mas do mundo... Nós recém estivemos lá na Itália, e muitas pessoas nos perguntavam sobre o que aconteceu no 8 de janeiro. Nós sabemos que, mesmo com aquela CPMI, de que todos aqui participaram ativamente - os nossos dois Senadores aqui, os três Senadores estão aqui, o Senador Flávio também -, nós não tivemos a resposta exata do que aconteceu. E pode ser que essas respostas ainda estejam embutidas. Então eu gostaria de fazer minhas as suas palavras aí, Senador Flávio: o Tagliaferro precisa, sim, se sentir protegido e vir aqui, porque não é somente a população brasileira; é a história do Brasil. Eu gostaria de ir um pouco mais. Nós sabemos aqui - eu e o Senador Mourão - que nós temos um antigo... um colega de turma dele e meu, que participou ativamente disso daí. Então, eu gostaria de deixar aqui uma palavra de que seria muito importante que o General Gonçalves Dias viesse aqui, tivesse a coragem de vir aqui para desmascarar o que aconteceu em 8 de janeiro. Não, é um momento de indignação, porque a gente não pode aceitar como militares formados na mesma fábrica... A Academia Militar das Agulhas Negras é chamada por nós como fábrica. Então, seria interessante que a gente pudesse buscar despertar no General Gonçalves Dias o tempo em que ele passou naquela fábrica, o que ele aprendeu ali, de honra, de respeito, para que a verdade pudesse acontecer, porque ninguém me tira da cabeça que o que aconteceu no 8 de janeiro, foi uma infiltração feita pelos integrantes do MST de Sobradinho, que sempre foram os que vieram para cá fazer todas as agressões às instalações aqui dos ministérios naquele passado, que invadiram o Congresso Nacional, invadiram ministérios, quebraram, depredaram, e não sofreram nada. |
R | E, infelizmente, a gente teve agora, no 8 de janeiro, essa demonstração de incerteza, e o Brasil e a história do Brasil precisam saber disso. Então, que eles entrem para a história como pessoas que pecaram por omissão e por ação também, mas especialmente por omissão, ao deixarem que acontecesse a infiltração. Então, eu deixo aqui a minha indignação como militar da reserva, como general da reserva, e eu sei que o General Mourão também tem esse mesmo pensamento nosso. É inaceitável que um militar falte com a verdade, é inaceitável que um militar não tenha coragem moral de dizer o que é que foi a verdade, porque a busca da verdade não é só nossa, ela está na Bíblia, e a gente precisa invocar isso daí. Eu deixo a minha indignação, porque, como militar, eu não aceito que haja alguma coisa nesse sentido. Eu sei que eu estou me dirigindo a um cara que foi meu colega de curso, meu colega de algumas ações na Amazônia brasileira, colega do General Mourão também, porque comandamos, numa mesma época lá na Amazônia, eu e ele, e a gente precisa pensar nisso. Eu espero que isso possa ser o motivo para que o Sr. Tagliaferro possa vir aqui para mostrar a realidade. Eu estou dizendo isso daí, todos sabem aqui, eu também sou processado pelo 8 de janeiro - respondo a um processo lá no STF -, e eu não tenho dúvida nenhuma de que eu já me ofereci ao Ministro Alexandre de Moraes para ir lá falar aquilo que aconteceu comigo, o motivo pelo qual estou sendo processado, sem nenhum medo, porque eu não tenho nada a temer. Eu não tive nenhuma participação naquilo dali e deixo aqui a minha patente indignação com a motivação ideológica e política de pessoas de esquerda que querem fugir da verdade, querem fugir do seu compromisso com a verdade. Parabéns a vocês que estão provocando isso aqui na Comissão de Segurança Pública. Eu tenho orgulho de dizer que eu faço parte da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados desde o começo e não aceito que o MST, esse MST que agride, esse MST que invade, que depreda, que destrói instalações produtivas no Brasil seja motivo de ser dito, como nós já ouvimos aqui assim... O grande ideólogo do MST, aquele cara - eu não gosto nem de falar o nome de quem não presta -, ele disse: "O MST é o nosso exército!". Não é. O único exército que existe aqui é o Exército Brasileiro. O resto são bandos, são grupos terroristas, são facções criminosas. Muito obrigado, Senador Flávio; muito obrigado pelo convite aqui, Senador Eduardo Girão. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Deputado General Girão. Bom, quero agradecer aqui às mais de 2,6 mil pessoas que estão ao vivo nos acompanhando no Portal do Senado Federal. Passo a palavra, então, ao jornalista Glenn Greenwald, mais uma vez agradecendo aqui a sua presença, a sua coragem, tudo que o senhor tem feito por acreditar nos seus princípios, porque não dá para falar que você é um bolsonarista - não é? -, nem que o senhor é uma pessoa de direita, e eu espero de verdade, Glenn, que muitos jornalistas se espelhem na sua postura, na sua coragem, no seu profissionalismo - critica quando tem que criticar, denuncia quando tem que denunciar... -, porque acho que é isso que move, acredito eu, um jornalista, ter um furo; dar, em primeiro lugar, algo importante, algo impactante, que pode transformar a vida de tantas pessoas e, nesse caso, de tantos brasileiros que hoje estão pagando com a própria liberdade o preço de serem perseguidos por pessoas, e, infelizmente, dentro de um processo em quem não se tem a quem recorrer. Advogados, com dificuldade de fazer defesa. É um sentimento de caixão encomendado. Não adianta o que se levante nesses processos, porque simplesmente é tudo ignorado, tudo atropelado. |
R | Eu, sinceramente, tenho muita confiança em que o senhor possa nos trazer mais alguma coisa, Glenn, para comprovar como era o modus operandi do Alexandre de Moraes, como ele fazia para escolher as suas vítimas, para que possamos, mais uma vez, trazer, com provas cabais, que tudo que está sendo feito é absolutamente nulo, é absolutamente inaceitável e, principalmente, é criminoso - criminoso -, porque é uma pessoa que descumpre o que está na legislação, que promulga a própria Constituição, define os seus próprios métodos, atropela todas as partes de um processo legal para fazer o que ele quer, independentemente ou contrariamente ao que diz a lei. Então, Glenn, mais uma vez, obrigado pela sua presença. Eu lhe passo a palavra para fazer a sua apresentação. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Pela ordem.) - Sr. Presidente, é só para avisar que, na AuriVerde, neste momento, tem 17 mil pessoas nos assistindo. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu queria agradecer aqui ao Pittoli também pela cobertura. Mais um ato de cidadania do Pittoli, do grande portal da Rádio AuriVerde. Obrigado a todos que estão assistindo também. Com a palavra Glenn Greenwald. O SR. GLENN GREENWALD (Para expor.) - Boa tarde a todos, a todos os Senadores, Deputados, a todo mundo que assistindo online. Quero também agradecer muito à Comissão e ao Presidente pelo convite. Eu gostaria de falar que, quando eu recebi esse convite, não era difícil decidir que vou aparecer aqui, porque realmente acredito - tem jornalista que não acredita, mas eu acredito - que, quando um jornalista faz reportagens que têm um impacto na sociedade, no país de outras pessoas, têm uma obrigação de responder perguntas, de se comunicar publicamente com o Congresso, e fiz isso várias vezes. Fiz isso na reportagem do Snowden, estive aqui duas vezes, no Senado e no Congresso também, durante a reportagem sobre a Lava Jato. Então, eu acho que é um papel muito importante, jornalisticamente, ser o mais transparente, o mais aberto possível, obviamente, dentro do limite do sigilo da fonte, etc., mas, quanto a qualquer outra coisa que possa falar, eu acho que tenho essa obrigação. Também só quero falar rapidamente que, além da obrigação jornalística, eu estou morando neste país há 20 anos. Sou um residente permanente. Estava casado há quase 18 anos com o Deputado, agora falecido, David Miranda. Temos três filhos que agora estou criando, filhos brasileiros. Então, este país tem grande importância para mim. Para mim, o Brasil não é um país estrangeiro, é meu lar permanente. Eu realmente me importo muito com o que está acontecendo aqui, com o que vai ser do futuro do Brasil, estou bem impulsionado para isso. Então, quero começar falando sobre o material jornalístico que já publicamos, porque já tive essa experiência várias vezes, quando estive trabalhando com grandes arquivos da informação que vazaram, que conseguimos obter de outra forma, como na reportagem do Snowden, trabalhei muitas vezes com o WikiLeaks e também na reportagem sobre a Lava Jato. Quando se tem um grande arquivo, todo mundo sempre quer saber: "O que mais tem? Por que não está publicando tudo?" |
R | E acho que, neste caso, a estratégia que foi utilizada pela Folha e também por mim - e podem criticar, mas tem benefícios também -, é que nós publicamos muitos materiais muito rápido, quase todos os dias, nas primeiras três semanas, acho que conseguimos publicar 15 artigos no total, divulgando o que conseguimos confirmar e no interesse público, muito rápido. E publicamos dois, três mais nos próximos dois meses. Então, acho que algo desse material foi um pouco perdido, ou seja, não conseguiu receber a atenção que a importância das divulgações merece. E o que eu quero fazer aqui é apontar algumas dessas coisas que acho que nunca receberam a atenção que as impropriedades do Ministro Moraes merecem receber. Quero falar também um pouco sobre o clima de receio e medo e intimidação de que o Presidente também falou. Acho que é muito importante enfatizar que, desde o começo, quando eu estava começando a expressar preocupações e críticas sobre o Ministro Moraes, também quando comecei a fazer reportagens, bem antes das séries na Folha, eu percebi muito rápido que tem muitas pessoas - estou falando no mundo jurídico, especialistas na Constituição brasileira - que expressariam críticas a Moraes na forma privada, mas quando perguntei: "Você quer manifestar publicamente para a reportagem, porque isso está errado?", essas pessoas, pessoas poderosas, pessoas com muita posição aqui no Brasil, dizem "não, não consigo". Elas obviamente têm medo de quais serão as consequências se criticam o Ministro Moraes publicamente, e não só pelo impacto para a carreira como advogado, mas pelas consequências legais também. Muitas pessoas têm esse medo. Esse foi um clima criado de propósito, para todo mundo pensar uma segunda, terceira vez, "talvez isso não seja uma coisa que eu deveria fazer". E, obviamente, isso está incluindo Parlamentares; agora estamos vendo o Deputado Marcel van Hattem sendo investigado, processado por comentários e opiniões que ele expressou no Plenário do Congresso, que é um limite que nunca achei que ia ser ultrapassado, o direito sendo violado, mas agora estamos vendo isso. E também eu sei que muitas pessoas têm medo de ser alvo do Ministro também. E, também neste caso, foi uma série de comentários e ações do Supremo Tribunal Federal, mas também do Ministro Moraes, que tinha o impacto de criar essa intimidação - de propósito, eu acho. Mas posso falar que se criou esse impacto, por exemplo, depois do primeiro dia, quando começamos a publicar essas reportagens, e o Ministro Moraes se defendeu no STF e usou todas as palavras, todas as frases que ele sempre usa para criminalizar jornalismo, para criminalizar discursos, opiniões, ou seja, ele disse que isso foi feito por uma organização criminosa, e essa organização criminosa tem o objetivo de destruir a credibilidade das instituições brasileiras, que isso é motivo de derrubar a democracia brasileira, de voltar para a ditadura, que está ofendendo a honra do Supremo. |
R | Então, ele sempre está interpretando qualquer crítica, qualquer reportagem, qualquer denúncia como um crime. Esse é o instinto de imediato, falando que "isso é motivo de desestabilizar ou destruir as instituições brasileiras". E isso, obviamente, estava incluindo não só nossas fontes, mas também nós jornalistas, inclusive o maior jornal no Brasil, a Folha de S.Paulo. E ele não tinha a menor hesitação de usar essas acusações contra jornalistas, contra um jornal muito grande, que está funcionando aqui, há muito décadas, no Brasil. E, logo depois, quando o Ministro Moraes abriu um inquérito, uma investigação criminosa para supostamente descobrir a identidade da nossa fonte, não só a fonte foi incluída nessa investigação. Tem um documento que fala muito claramente que a polícia do Estado de São Paulo recebeu uma instrução de não só chamar suspeitos de vazamentos, mas também eu e meu colega jornalista Fábio Serapião, para prestar depoimentos, para responder para o policial e ser questionado. Eu estou fazendo jornalismo há muito tempo. Não é a primeira vez que estou fazendo jornalismo que está criando raiva em autoridades, para falar o mínimo. Eu nunca vi - nunca vi - jornalistas sendo formalmente incluídos na investigação. Não estou falando que, necessariamente, somos alvos da investigação, mas, obviamente, quando o policial é mandado para questionar, para chamar para depoimentos jornalistas sobre o jornalismo, isso tem um impacto bem grande, bem grave para criar esse clima de intimidação. E isso aconteceu. Quero falar um pouco sobre os materiais que conseguimos divulgar. Obviamente, depois que começamos a divulgar, o Moraes, o Gilmar Mendes, o Ministro Barroso e outros políticos, defendendo o STF o tempo todo, dizem: "Isso não mostra nada errado", "é muito inocente", "talvez foi um pouco informal, mas nada pior do que isso". E sobre isso eu quero falar o seguinte. Uma das coisas que conseguimos mostrar é que os assessores que estavam fazendo tudo isso, os assessores no STF, os assessores no TSE, sabiam que tudo isso foi errado. Eles falaram, várias vezes, abertamente, sobre a preocupação grave que eles tinham, porque o Moraes estava criando um sistema para investigar que não era certo. E eles foram além disso. Eles conspiraram sobre como podiam conseguir modificar o processo para esconder o que estava acontecendo. Até disseram coisas como: "Meu Deus, se isso for publicado, for divulgado, isso criará muitos problemas para o Ministro, porque isso não está certo". Eles sabiam o tempo todo que isso não foi certo. Eles até falaram sobre quando os documentos foram enviados pelo Ministro Moraes, pelo TSE, e ele não gostou, ele queria modificá-los para deixar isso mais grave. |
R | Um dia eu disse: "Como isso é possível? Já mandamos, de modo registrado, esse relatório que o Ministro pediu, e eles receberam minhas recomendações...". Ah, mas pode modificar o documento para botar o dado anterior ou para mostrar que isso é o primeiro relatório que está fazendo. Eles queriam esconder o que eles estavam fazendo. Por quê? Porque, se isso fosse totalmente inocente, por que eles sempre estão falando sobre o conhecimento que eles tinham de que foi tudo errado e que eles queriam esconder? E vou falar, além disso, também que, quando o Ministro Moraes se manifestou, no primeiro dia depois da nossa reportagem para se defender, ele afirmou muitas falsidades, muitas coisas que, eu vou falar, eram mentiras. E por que ele fez isso? Porque ele não sabia que nós tínhamos o arquivo, ou seja, não sabia que conseguimos provar que o que ele estava falando era falso. E vou te dar só um exemplo: quando ele se defendeu, ele disse que todos os pedidos dele para pedir ao TSE para investigar pessoas, tudo foi levado pelo Plenário do STF e também tinha participação do PGR, do Ministério Público e da polícia. Também ele disse que tudo que ele fez nesses pedidos que ele fez para o TSE, tudo foi registrado, e também ele disse que todo mundo que ele queria que fosse investigado já era alvo da investigação ou do inquérito de fake news ou inquérito dos milicianos digitais, como eles chamam. E nós conseguimos mostrar muito rápido que tudo isso foi falso. E a Folha, que é muito conservadora no que quer falar sobre o STF... Eles estavam indignados. Eles falaram nos artigos. Eles permitiram à gente falar: "Tudo isso era falso". E eu vou te dar só um exemplo, que é incrível, porque uma outra parte da divulgação e reportagem é que o Alexandre de Moraes usou o TSE não só para assuntos eleitorais, ou seja, com relação à eleição. Muito pelo contrário: ele usa o TSE para investigar assuntos pessoais ou para investigar pessoas que estavam participando num protesto, contra ele ou o STF, que não tinha nada a ver com as questões eleitorais. Obviamente, o limite do poder do TSE é para garantir a integridade da eleição, mas ele usou bem além disso. E tem um evento ao qual ele estava indo com outros ministros do STF, acho que inclusive Gilmar Mendes e Barroso e um ou dois outros. Isso foi antes da eleição de 2022. Foi 2023, acho que em fevereiro, e eles estavam planejando um evento entre os ministros em Nova York, não no Brasil - em Nova York, nos Estados Unidos -, e pessoas em Nova York e nos Estados Unidos, principalmente brasileiros, mas que estavam morando nos Estados Unidos, queriam organizar um protesto contra o STF, contra abusos de poder que eles acreditam que o STF está cometendo. E, quando o Ministro Moraes soube que pessoas estavam organizando esse protesto, que eles queriam protestar lá fora do evento e também em frente ao hotel onde o Ministro estava ficando, ele mandou o TSE investigar quem estava fazendo isso, quem estava organizando esse protesto, quem estava chamando pessoas para participar. |
R | Obviamente, nos Estados Unidos, também no Brasil, em teoria, mas nos Estados Unidos realmente protestos são totalmente protegidos legalmente, na Constituição. Então, não tem nada errado em organizar um protesto nos Estados Unidos contra visitantes como o Ministro. Mesmo assim, ele mandou o TSE investigar todo mundo que conseguiram identificar que estava organizando esse protesto. E o próprio TSE respondeu falando que nada disso tem a ver com a eleição. Como nós podemos fazer? Qual autoridade nós temos para investigar esse protesto em Nova York? E ele ignorou essa denúncia, essa questão, e mandou que continuasse. Eles só conseguiram identificar uma pessoa que estava envolvida nos protestos, esse foi o Homero Marchese, que era Deputado Estadual pelo Partido Novo no Paraná. Nunca tinha sido Deputado Federal, nunca tinha feito nada, mas participou promovendo esse protesto, só nas redes sociais. E, nesse caso, Moraes mandou o bloqueio de todas as redes sociais dele, que era a plataforma que ele usou para se comunicar com pessoas que o elegeram ali no congresso estadual. Ele foi bloqueado no Instagram por seis meses, no Twitter, no Facebook, no YouTube, tudo. Neste caso, o Alexandre de Moraes nunca levou esse processo para o Plenário do STF, nem tinha participação do PGR, o Ministério Público, muito menos o acusado. E, quando Moraes se manifestou naquele primeiro dia, ele disse que todos, todos os casos foram levados para o Plenário, todos os casos. O Moraes disse, eu repito: todos foram, com a participação do PGR, do Ministério Público, do policial, do acusado, tudo foi registrado. E, neste caso, nada disso aconteceu. E conseguimos mostrar a verdade sobre a falsidade do que ele afirmou, porque ele não sabia que nós tínhamos esse material dentro do arquivo. Então, depois que ele falou, conseguimos mostrar isso. Esse não era o único caso que não foi levado para o Plenário, que não foi registrado, em que não tinha participação. E, além disso, esse é um caso em que ele está abusando dos poderes investigativos do TSE, porque não tinha nada a ver com a eleição. Esse protesto não era sobre a eleição, a eleição já tinha acontecido, foi três meses, dois meses depois da eleição de 2022, mas ele continuou a usar o TSE. E também usou o TSE várias vezes, porque alguém, um assessor no TSE tinha um bom relacionamento com o policial de São Paulo, tinha acesso a senhas, e várias vezes o Moraes mandou o TSE usar esse contato, esse relacionamento com o arquivo policial de São Paulo para investigar pessoas que iam fazer obras ou reformas, no caso dele, no apartamento dele, para investigar - muitas coisas para uso pessoal e tem muitos exemplos além disso também. |
R | Só para concluir, eu quero também falar uma coisa que acho que nunca recebeu a atenção merecida. Isso é sobre esse poder que ao Moraes foi dado pelo STF, como Presidente do TSE, para mais ou menos censurar tudo o que ele queria censurar durante a eleição. Quando esse poder foi dado pelo STF para Moraes, quase todo mundo no STF era muito preocupado com esse poder; pessoas como Cármen Lúcia, agora Presidente do TSE, enfatizou que esses poderes eram muito perigosos - é um poder censurar. E ele disse: "O primeiro medo que precisamos ter é voltar para o regime da censura no Brasil; isso jamais poderia acontecer aqui no Brasil. Estamos dando esse poder porque é um momento extraordinário, excepcional". Mas ele disse, isso foi a garantia que ele deu para o público: "Este é um caso específico porque estamos na iminência de ter o segundo turno das eleições. A inibição é até o dia 31 de outubro de 2022, exatamente um dia subsequente ao segundo turno, ou seja, esse poder de censurar vai desaparecer, vai terminar um dia depois da eleição". E ele continuou, Moraes usou esse poder por meses, meses, meses depois da eleição, inclusive nos casos que não tinham a menor relação com a eleição. E conseguimos obter e publicar, eu publiquei independentemente, as ordens da censura que ele mandou para as plataformas, que são muito severas, mandando plataformas imediatamente banirem a lista das pessoas que ele queria que fossem banidas, inclusive pessoas deste Senado, no Congresso, que foram eleitas, jornalistas, ativistas, e não tinha o menor devido processo. Eu liguei para várias pessoas que foram censuradas com essa ordem e ninguém sabia, até eu ligar, que eles foram alvos dessa ordem, ou seja, que não tinha o menor devido processo, nenhum processo, muito menos devido processo. Não conseguiram entrar no tribunal para ver a evidência, não poderiam contestar a ordem. Depois da eleição, qual base legal ele tinha para continuar a usar esse poder que deveria terminar um dia depois da eleição? Finalmente, eu quero falar que às vezes parece que não, mas tem muitas instituições brasileiras que não querem criticar Moraes, mesmo quando ele está obviamente abusando do poder, ou, nesse caso, falando falsidades. Agora tem muitas revistas, jornais grandes, internacionais, que o estão criticando por tudo isso, a mais recente é The Economist, a revista britânica, que obviamente não dá o menor apoio para o movimento Bolsonaro, eles odeiam o populismo da direita, mas, mesmo assim, estão denunciando o que está acontecendo aqui. O The New York Times fez isso várias vezes. Também quero enfatizar que uma das conversas que pudemos publicar, uma das divulgações, foram sobre o caso do Allan dos Santos. No caso do Allan dos Santos, Moraes estava indignado porque a Interpol rejeitou ou ignorou o pedido dele para mandar botar na Lista Vermelha o Allan dos Santos, e a Interpol disse - e Moraes disse isso na outra conversa - que a Interpol acreditou que ele não cometeu crimes, que ele estava sendo perseguido pelas opiniões, pelo jornalismo, e isso não é permitido de entrar na Lista Vermelha da Interpol, então nunca entrou. |
R | Depois disso, esse pedido de extradição que foi mandado para o Governo dos Estados Unidos para Allan dos Santos - isso foi quando o Presidente dos Estados Unidos não era Trump, mas era Biden - também foi rejeitado, falando que esses são crimes políticos, são crimes de opiniões, crimes do jornalismo e não podemos usar esse poder de mandá-lo voltar para o Brasil por causa dessas acusações que não são crimes. E, um mês atrás, a Espanha fez a mesma coisa com esse mesmo pedido do Oswaldo Eustáquio, negando esse pedido, falando que não são crimes. Então, muitas vezes está reconhecido que ele está ultrapassando o poder. Revistas, jornais internacionais - também aqui no Brasil, Folha e Estadão - estão falando há muito tempo que ele instalou um regime da censura, que ele está abusando do seu poder, outros governos, outros países, outras instituições... Mas, infelizmente, tem muitas pessoas aqui no Brasil que acreditam que os fins dele justificam todos os meios, que ele é uma pessoa que não deveria ter nenhum limite no poder porque o objetivo político dele é nobre, ou seja, para destruir o populismo da direita aqui no Brasil, o movimento bolsonarista. Então, isso é tão nobre que tudo que ele faz, por definição, é justificado, mesmo quando não tem base nenhuma na lei, quando ele está usando falsidades para justificar o que ele está fazendo, quando ele está tentando esconder. E, por causa disso, não tem pessoas da esquerda que tenham interesse nenhum na questão, se Alexandre de Moraes está atuando como um ditador ou na forma autoritária. Querem que ele faça tudo, porque eles concordam com os fins políticos. Para mim, esse é um problema, um perigo bem grave. Então, mais uma vez, muito obrigado, Presidente, pelo convite e para todo mundo aqui também. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Glenn, pelas suas palavras, mais uma vez, aqui reforçando as denúncias que foram feitas. Para nós, é muito claro quais foram os abusos, os crimes cometidos ali contra pessoas que obviamente eram escolhidas a dedo para serem censuradas, com o uso de uma estrutura do Tribunal Superior Eleitoral de uma forma completamente ilegal, mais uma vez, para censurar pessoas, para multar pessoas, para ameaçar prender pessoas que não tinham absolutamente nada a ver com as eleições, pessoas que não eram candidatas e, muitas vezes, como foi dito também nessas matérias, e aqui o Glenn reforçou, até sem o processo, né? Nem processo existia. Existia uma investigação preliminar qualquer, na qual o Ministério Público não era ouvido, a polícia não era ouvida, ninguém era ouvido, e ele simplesmente tomava as medidas que achava que tinha que tomar, como bem dito também, sempre alegando que era em defesa da democracia, mas desrespeitando todos os princípios que a Constituição prevê para você fazer investigação sobre qualquer pessoa. Quero agradecer a presença do Deputado Marcel van Hattem. Quer fazer uso da palavra, por favor, Deputado Marcel? O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS. Para expor.) - Eu me inscrevo para falar posteriormente, com mais tempo, Sr. Presidente. |
R | Só quero aproveitar um minuto do tempo, se for possível, para agradecer a menção feita pelo jornalista Glenn Greenwald à minha situação e reconhecer aqui, de público, o quanto o Glenn tem sido importante nessa batalha, independentemente de posicionamento ideológico. A integridade que eu vejo no senhor eu sinto falta na maior parte dos Parlamentares, que são os nossos colegas na esquerda, na extrema esquerda, até mesmo no centro. Esta Casa tem se diminuído porque não tem defendido a democracia que ela representa como órgão máximo no Brasil e em qualquer lugar do mundo por ser o Parlamento, onde estão os representantes do povo. E se nós não tivermos, Senador Magno Malta, Senador Girão - parabéns pela proposição também da audiência, Senador Girão -, no Parlamento, a defesa da imunidade parlamentar por opiniões, palavras e votos, a gente não pode esperar de outras pessoas. E, ainda assim, a gente tem em pessoas como o Glenn Greenwald a defesa intransigente desse princípio, que é da democracia, independentemente da posição política dele. E eu quero ser solidário a ele também, porque eu tenho visto os ataques que ele tem recebido do campo a que ele pertence, ou pelo menos muitas vezes se identifica, o que é do seu direito. Eu acho lamentável ver ataques muitas vezes vis, pessoais, ad hominem que são feitos em virtude de uma defesa de princípio que garante a nós, mas também à esquerda, a sua existência, Senador Mourão, Senadora Damares, no regime democrático. Eu só queria fazer esse comentário, não quero pular na frente de ninguém. Eu acabei de chegar, mas, como eu estava na reunião de Líderes da Câmara e fui informado pelo Senador de que fui mencionado e depois recuperei, eu queria fazer esse agradecimento e retribuir esse agradecimento aqui ao Glenn Greenwald sob a forma de uma solidariedade também pelo que eu tenho visto de ataques que ele tem sofrido. Para concluir, Presidente, na reunião de Líderes, eu senti do Deputado Hugo Motta uma firmeza poucas vezes vista num Presidente de Câmara dos Deputados nos últimos tempos em relação àquilo que nós devemos defender: a não interferência do Supremo Tribunal Federal em assuntos que são nossos, da democracia. Vou tratar melhor sobre isso mais adiante, não é o momento, mas eu quero fazer esse registro, até como forma de dar àqueles que nos assistem... (Intervenção fora do microfone.) O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - Foi, foi incrível! Eu mesmo me surpreendo, porque fui candidato inclusive contra ele, mas ele falou de dois pontos muito específicos e que resumem o que nós estamos vivendo. O primeiro: denúncias no Conselho de Ética que depois viram acordos, e ninguém é punido nem na Câmara dos Deputados nem no Senado, que é quem deve punir o Conselho de Ética. Então, os grandes partidos fazem acordos, salva-se todo mundo e depois se espera uma decisão de fora chorando as pitangas, como se diz no meu Rio Grande do Sul, em reuniões de Líderes. E o segundo: a interferência recente do STF no caso em que Zanin deu uma decisão para barrar a CCJ de tratar do caso do Deputado Ramagem, da sustação da ação penal, que é um direito constitucional nosso. E ele lembrou que aqueles que hoje reclamam, no caso específico do PT, o Lindbergh Farias estava com uma reclamação sobre um assunto numa Comissão de um ataque pessoal que ele sofreu, ele foi quem deu entrada no Supremo para barrar a ação da CCJ. Então, ele tocou nesses dois assuntos, pôs o dedo na ferida e disse que a Casa vai tomar atitudes daqui para frente diferentes. Isso me animou, viu? O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Pela ordem.) - Só acrescentando que o Zanin... Bom, como são onze constituições e eles criam o que querem, quando o Daniel Silveira está preso... Aliás, eu quero dizer aos colegas que eu o visitei, eu estava lá ontem com ele, anteontem. Depois, subi a Petrópolis para visitar a família dele, para estar com a família dele, e ele está com a mente muito focada, assim, mentalmente ele está forte, mentalmente ele está confiante, mentalmente, assim, ele é um outro Daniel do que nós vimos alguns meses atrás, eu e o Senador Girão, e mandou um abraço para todo mundo. |
R | O sentimento dele, a dor dele de ver o sofrimento e a injustiça de pessoas simples que estão sofrendo... Mas ele sabe que vai ter um dia, porque o mal não pode prevalecer. Então, ele está muito firme mentalmente e manda um abraço a todo mundo. E o Zanin, com aquela cara de freira, com que esteve aqui, criou um outro tipo penal, porque, o art. 53 da Constituição, quando o Alexandre Moraes viola, ele avisa para o Lira: "Violei! Vou prender Daniel. Vocês concordam ou não?". E os colegas de Daniel disseram: "Concordamos". Bateram palma para o imperador. E ele está lá apodrecendo. O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - Eu não. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Não; você não. Quem votou. Então, ele está lá apodrecendo. E agora o Zanin criou o art. 26 e meio, que era o art. 53. Então, no caso do Ramagem é 26 e meio, porque só pode um pedaço, uma metade, a outra não. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A metade de 53. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - A metade de 53. É o art. 26 e meio agora, criado pelo Zanin. E nós precisamos fazer a sociedade entender que agora tem o art. 26 e meio, porque o cara pode ser punido pela metade e a outra metade... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - A quase imunidade Parlamentar. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Exatamente. Meia imunidade Parlamentar. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - É quase igual ao "sem ser gol", não é? O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Bom, quero, em primeiro lugar, mais uma vez, agradecer a presença do Deputado Marcel aqui, uma notícia que ele traz. Acho que aqui no Senado temos um papel importante também a fazer com o nosso Presidente. Cabe a nós aqui, também, levarmos o nosso pensamento sobre o que está sendo colocado na mídia; pelo menos, eu não dei procuração para negociarem nada em meu nome, muito menos para o Supremo Tribunal Federal, que não tem que se meter em pauta do Congresso. Se o assunto é do Legislativo, nós aqui é que temos que tratar, porque nós fazemos a análise política. Eles fazem a análise jurídica deles, inclusive, como o Senador Magno Malta colocou, com base nas 11 constituições que parecem viger no Brasil hoje. Só não vige a que tinha que viger. Esse é o primeiro aspecto. O segundo aspecto, também, é deixar, obviamente, a minha solidariedade aqui ao Deputado Daniel Silveira, a quem eu tive a proibição de visitar, pelo próprio Ministro Alexandre de Moraes, não sei por quê, mas fui proibido de visitá-lo. Então, deixo aqui a minha solidariedade a ele, à sua família e à sua luta. E, muito em breve, nós veremos esse mal sucumbir. Quero passar a palavra ao Senador Eduardo Girão, que é o autor dos requerimentos que motivaram esta audiência pública de hoje. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Sr. Presidente, só um adendo sobre a questão do Daniel Silveira, porque o senhor foi proibido de visitar. Nós, da Comissão de Direitos Humanos, que funciona aqui ao lado, presidida pela Senadora Damares, não tivemos a autorização - foi um requerimento meu, aprovado por unanimidade - para visitar os presos políticos no Brasil, mas a Argentina acaba de autorizar que a gente vá visitar lá os presos políticos brasileiros que estão na penitenciária lá. Então, a gente não pode, a Comissão de Direitos Humanos, visitar aqui os brasileiros, no Brasil, mas estamos indo, numa comitiva, visitar, na Argentina, os brasileiros. É uma coisa louca o que está acontecendo no Brasil, é uma humilhação. É surreal ter que pedir autorização ao Ministro Alexandre Moraes, que engaveta, que nega, como negou ao General Mourão visitar o Braga Netto, que foi o primeiro a fazer o pedido. Depois de muita insistência, de meses, nós tivemos a autorização, com outro requerimento do Senador Izalci, para visitar. Eu já estive lá com o General Braga Netto na semana passada. |
R | E é essa ditadura que a gente está vivendo no Brasil, não tem outra palavra, porque democracia isso não é. Eu estou esperando uns documentos que a minha assessoria ficou de mandar, inclusive uns vídeos que eu peço autorização para passar daqui a pouco. A Senadora Damares vai fazer uso da palavra, e é o tempo em que chega, os outros também e eu fico para o final. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Então, com a palavra a Senadora Damares, a Presidente da Comissão de Direitos Humanos aqui desta Casa. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para interpelar.) - Que gentil da parte dos colegas, obrigada. Esta audiência está acontecendo por força do Requerimento nº 5, de 2025, acho que é um dos primeiros da Comissão, e o Requerimento 7. O nº 5 é do Girão e o nº 7 é do Flávio Bolsonaro. No seu Requerimento 5, Girão, você propõe também que o Sr. Alexandre de Moraes, Ministro do STF, venha à audiência. Ele não veio e justificou a ausência? O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Não. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Não. Os juízes também justificaram a ausência? Não vieram? O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - No início aqui eu li as respostas, tanto do Desembargador Airton Vieira, que estava em sessão, quanto do Dr. Martin Vargas, Marco Antônio Martin Vargas, que falou que não viria, mas não falou o porquê também, e do advogado do Tagliaferro, que disse que não poderia comparecer nesta oportunidade, mas deixou em aberto aqui a possibilidade de, no futuro, fazer um depoimento para esta Comissão, ainda que de forma virtual. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Nós vamos ter que apresentar outro requerimento, Presidente, ou mantém o requerimento já aprovado para o Tagliaferro vir? O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu acho que pode... Não precisa aprovar outro requerimento, não. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Não precisa? O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Está aprovado. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - Então, que fique consignado que a gente vai insistir na oitiva dele. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vamos, vamos. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - O.k.? Dada a ausência do Ministro Alexandre, que tem a oportunidade de se defender aqui na Comissão, inclusive das alegações do jornalista Glenn... Ele não veio. É uma pena ele não vir a esta Casa. É uma pena ele desrespeitar esta Casa o tempo todo. Deixe-me contar um fato para os senhores, inclusive para o senhor. É um fato que aconteceu, em que estavam presentes tão somente eu e o Senador Izalci. Acho que nem o Magno sabe disso. Nós tínhamos um requerimento assinado por 16 Senadores para visitar o Anderson Torres. Esse requerimento ficou seis meses com inúmeras reiterações de pedido de despacho. Ele não despachava o requerimento para 16 Senadores visitarem o Anderson Torres. O que aconteceu, Glenn? A gente não aguentava mais esperar um despacho e nós marcamos uma reunião presencial com ele. E, nesse dia, era o dia, acho, da votação da reforma tributária, não pôde ir todo mundo, e fomos eu e o Izalci conversar com ele. Nos atendeu ali atrás no cafezinho e nós perguntamos: "Ministro, é possível o senhor despachar o requerimento?". Ele respondeu: "Que requerimento?". "O requerimento aprovado no Plenário, vindo para cá com 16 assinaturas para a gente visitar o Anderson." E ele falou assim: "Não vi esse papel, esse papel deve ter se perdido dentro do meu gabinete". Um requerimento assinado por 16 Senadores da República de partidos diferentes, inclusive Líderes tinham assinado. É assim que ele trata com autoridades. Aí eu fiquei imaginando, Senador Magno Malta, se um requerimento aprovado e assinado por 16 Senadores se perdeu no gabinete dele, as petições dos advogados lá do interior, como é que essas petições são tratadas? Com deboche! Se ele debocha de um requerimento de 16 Senadores, ele debocha de todos os documentos que chegam àquela Corte. Lamentavelmente é o que nós estamos vivendo. |
R | Aqui, Glenn, eu queria tão somente registrar solidariedade. Eu espero que você tenha mudado a posição com relação a mim. Eu não sou a mais louca dos lunáticos do Governo anterior. (Risos.) Eu sou a mais louca por crianças com certeza! Mas o que nós estamos fazendo aqui, Glenn? Nós não vamos baixar a guarda. Nós vamos continuar na defesa da democracia. Nós não temos medo do Alexandre de Moraes. Não temos. Nós estamos fazendo tudo que podemos dentro das quatro linhas da Constituição, estamos sim, mas nós não vamos nos curvar, por vocês, por vocês jornalistas, pelo direito de vocês escreverem, inclusive me chamando de louca! Você mudou de ideia, com certeza. Por vocês, jornalistas, pela imprensa, pela liberdade neste país, nós vamos continuar aqui! Quando eu leio a história mundial e me lembro... Leio lá que Nero botou fogo em Roma, eu fico me perguntando: ninguém viu sinais antes? Eu não quero que os meus descendentes, e vou dizer uma coisa, meus descendentes serão todos indígenas, porque eu sou mãe de uma menina indígena, eu não quero que os meus descendentes, daqui a 50 anos - se Jesus Cristo não voltar antes -, perguntem: "A Bisa não viu sinais de que tinha um louco na Corte?". Meus descendentes vão falar: "A Bisa viu e a Bisa reagiu". E a gente vai continuar reagindo, Glenn. Há um louco na Corte, e eu tenho medo de que este louco coloque fogo em Brasília, se é que já não colocou e a gente não observou. Mas nós vamos continuar aqui. Nós vamos continuar lutando dentro das nossas atribuições. O Girão trouxe aí a questão dos presos. Nenhuma corte de direito, nenhuma instância de direitos humanos, Flávio, nenhuma instância visitou os presos no Brasil. Nós tivemos visita de Parlamentares, mas o Comitê de Enfrentamento à Tortura não visitou os presos, o Mecanismo de Enfrentamento não visitou, o ministério não visitou, comissão de OAB não visitou... A primeira instância legítima de direitos humanos que vai visitar os presos é a Comissão de Direitos Humanos do Senado, que é legítima e composta por Senadores de todos os partidos, e o requerimento foi aprovado por unanimidade, inclusive a esquerda aprovou o requerimento. Ele não respeita nem decisões de Parlamentares de esquerda. É um desrespeito às instituições. E aí a gente não pode visitar, porque aconteceu o seguinte, eu preciso explicar para os senhores. Mas espera aí, não é a vara de execução de cada cidade que é responsável pelo preso? Não. Os presos de 8 de janeiro... Ele se sente dono da execução da pena! Eu fui conversar com a vara de execução aqui do DF, fui lá na Presidente da vara: "Doutora, eu quero visitar, porque olha aqui, foi aprovado o requerimento...". Ela: "Lamento, mas quanto a esses presos, essa vara não tem nenhuma autonomia". Até nas varas de execução dos municípios, é ele que manda! É um absurdo! É o exagero do exagero. Mas nós vamos continuar aqui, Glenn, porque loucos precisam ser detidos, contidos. Dentro das nossas atribuições e com as armas legítimas que nós temos, nós vamos continuar lutando para detê-lo pelo bem da imprensa do Brasil, pela liberdade do Brasil, pela liberdade do Parlamento, pela liberdade de a gente trabalhar! Nós vamos continuar. |
R | Vou continuar insistindo, Senadores, na visita. Inclusive, Flávio, isso é gravíssimo, as varas de execuções não terem - é uma discussão que temos que fazer aqui na Comissão de Segurança - autonomia para alguns presos. Existem categorias de presos no Brasil? Esse preso, aquele que degolou a mulher lá em Fortaleza, eu posso visitar, se eu quiser, mas uma senhorinha de 74 anos, D. Vildete, que saiu no sábado da cadeia, na cadeira de rodas, com 74 anos, eu não pude visitar. Dois indígenas vulneráveis - os descendentes das minhas filhas vão dizer que a mãe tentou, que a bisa tentou visitar dois indígenas - eu não pude visitar. Um morador de rua eu não pude visitar. Como Presidente de uma Comissão, eleita no Parlamento, de forma legítima, eleita por unanimidade, e com um requerimento aprovado por unanimidade... Glenn, fica firme! Posso não concordar com tudo o que você fala, mas a gente reconhece a sua coragem. Fica firme! Que outros se inspirem em você, e nós vamos continuar aqui. E, Flávio, parabéns por esta audiência, mas eu insisto na oitiva do Ministro Alexandre nesta Comissão - e dos juízes. Eu acho que os demais colegas vão continuar insistindo que ele venha aqui conversar com a gente. Muito obrigada, Senador Flávio. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Senadora Damares. Senador Magno Malta. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Pela ordem.) - Sobre esse requerimento do Anderson Torres... Na verdade, o Ministro Alexandre de Moraes é um debochado. Ele faz de deboche mesmo com esta Casa, para a Casa perceber o deboche, ver como ele dá as penas dele, ver como ele puniu o partido com R$22,9 milhões, para, de trás para frente, dar no número 13. Ele sempre faz as anarquias dele, ele é um narcisista, é um abutre que se regozija em espezinhar os restos mortais de um cadáver aos olhos dele. Vê-se, quando ele fala sobre as pessoas, a expressão facial dele - você não precisa ser doutor em nada disso -, a expressão facial de prazer, de um abutre. Senadora Damares, quando você falou sobre o pedido, você disse: "Eu vou falar uma coisa que, quem sabe, vocês não saibam: eu fui lá com o Izalci". Pois é, eu vou falar uma outra coisa aqui. Eu disse ao Senador Girão: eu vou fazer o requerimento sozinho, já que ele não despacha o de todo mundo. Pois ele despachou o meu, e eu fiquei segurando. Não fui, para esperar ele despachar o outro, porque é um absurdo. O Marinho foi lá dizer "é um absurdo". Quando ele despachou o dos Parlamentares, eu já tinha o despacho para ir sozinho. Veja que deboche! E ele traz, naquele pedido, o primeiro de visita aos presos... Ele põe a exclusão dos nomes, dos que não podem visitar. Inclui Flávio Bolsonaro, inclui Eduardo. Ele tem uma fixação no seu pai que eu não sei qual é. Não sei qual é; mas que tem, tem, certo? Tem fixação em Daniel Silveira. Também não sei qual é; mas que tem, tem, certo? E aí ele despachou. Vejam só o tamanho do deboche. Eu visitava o presídio - todo mundo de quem você citou os nomes aí. Eu estive, no mínimo, 20 vezes com cada uma dessas mulheres, com os homens, e tal. Eu ia para o presídio... Inclusive nós temos aqui a filha do Clezão, que está ali filmando. O pai morreu nas vistas do Estado, e eu tenho o prazer de ter a memória do Clezão dentro do meu gabinete o tempo inteiro, porque ela está cooperando conosco lá no meu gabinete. |
R | E esse deboche de que a prerrogativa de um Vereador é fiscalizar, porque na outra ele propõe... É só indicação para Prefeito, ele só faz se quiser. Então, essa de legislar o Vereador não existe, é mais ou menos. Mas fiscalizar ele pode: ele vai ao hospital, ele vai ao presídio. Nós temos essa prerrogativa entre tantas outras - somos Senadores da República - e nos foi tirada. E aí a juíza das execuções penais no Brasil inteiro... Eles estão com tanto medo do Alexandre que você vai e faz uma petição ao presidente do sistema penitenciário, ele manda para a juíza das execuções. Essa aqui de Brasília, muito educadamente, muitas vezes me respondeu dizendo assim: "Olha, eu estou enviando o pedido do senhor para o Ministro Alexandre, para ele despachar para mim [o juiz das execuções penais], para que eu possa, então, autorizar". Então, nós estamos com um cara que, se ele não botou fogo aí em Brasília, já tocou o terror e colocou medo em todo mundo colocou - medo em todo mundo! Juiz de primeira instância, juiz de segunda instância, desembargadores têm medo de como vão proferir uma decisão, porque eles acham que pode chegar aqui à última instância e ferir a suscetibilidade dessa criatura dócil que é Alexandre de Moraes, que foi plenamente empoderado, e não foi sozinho, foi pelos seus. Ele é o CEO de uma organização. Ele verbaliza. Agora, quem deixou esse monstro chegar ao tamanho que chegou e agora está querendo voltar atrás, dentro da própria Corte, não tem como mais. No aquário não cabe mais ele, o polvo ficou enorme, é muita perna para todo lado! E todo mundo que tenta se levantar quando ele está falando ou quando alguém está falando no Pleno - a gente assiste a isso ao vivo -, ele se levanta e dá um pito no outro Ministro, como se fosse um menino de escola. Ele vai lá e dá um pito, dá um esporro, dá a explicação dele. Eu quero dizer a você, como a Damares disse - eu não sei se você já usou algum termo contra mim -, que eu acredito nas suas investigações, até porque, assim que começou o Governo de Jair Bolsonaro, o pessoal do seu grupo, Intercept, andou atrás de mim por uns seis meses. E você realmente vai buscar, você realmente vai buscar. Agora, comigo foi meio decepcionante porque eu não falei uma palavra, e era Deus me guardando porque eu não sabia nem nada. Tinha uma jornalista sentada do meu lado e ela, ao sentar do meu lado, começa a me fazer perguntas, perguntas, perguntas, e eu não respondo nada - não respondo nada. A única coisa que eu disse à moça... Ela falou assim: "Eu sentei do lado do senhor porque eu procurei saber qual era o dia da sua viagem e o seu assento e me assentei do seu lado. Eu sou jornalista e eu gravei tudo que o senhor falou comigo". |
R | "Eu gravei tudo que o senhor falou comigo". Eu falei "você está errada de ter gravado sem ter falado comigo. Mas eu só vou lhe responder uma pergunta que você me fez". Eu estava calçado com um tênis que tinha o nome da minha mãe, um tênis, uma sapatilha que eu desenhei. Aliás, estou calçado com uma aqui que tem o nome da minha mãe, D. Dadá. E a única coisa que ela coloca na matéria é que se sentou do meu lado, eu não disse nada, ela foi a Cachoeiro do Itapemirim, conheceu a minha instituição de drogados, conversou lá com meu irmão, fez mil perguntas sobre mim, e a única coisa que eu disse a ela é que eu voltarei às ruas e faria tudo de novo que eu fiz para colocar Jair Bolsonaro como Presidente do Brasil. Essa matéria saiu. E que eu estava calçado num tênis branco com a marca, com o nome da minha mãe, D. Dadá. Então, independentemente do que você pensa a meu respeito, como jornalista, você vai, realmente... Nós não estamos aqui com um cara meia-boca, nós estamos com um cara que realmente vai buscar a informação, que vai esmiunçar, não é? A Damares já fez a reclamação dela. E, aliás, o seguinte: se ela não fosse louca, ela não era Senadora também, não, porque Deus não tem compromisso com gente que acha que é boazinha de cabeça. Deus gosta de gente valente. Deus não tem nada a ver com frouxo. E se ela... A senhora só está aqui porque é doida mesmo, entendeu? Então, o seguinte... A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Fora do microfone.) - Assessorei um doido. (Risos.) O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Foi treinada, não é? Essa foi boa. Mas eu quero louvar, assim, a profundidade. Você vai até o final, você tem a capacidade e a coragem de fazer a revelação do fato, o que muitos jornalistas... Quer dizer, eles chamam jornalistas de blogueiros, mas se comportam como verdadeiros blogueiros a serviço do vil metal, sem respeitar o sentimento, o sofrimento das pessoas que estão debaixo da bota de Alexandre de Moraes. O mais sobre você, certamente, o Marcel falará, porque, como você... Não sei qual é, ideologicamente, o seu lado e qual a sua... Eu sei que bolsonarista você não é, mas você é um cidadão que trata com a verdade independentemente do lado em que esteja, e isto, para nós, é muito importante, é muito importante. De ontem para cá, de anteontem para cá, eu tenho visto... Eu não vejo telejornal, não vejo nada, mas eu ouvi de um - eu não vou chamá-lo de blogueiro, não, porque... -, mas ouvi de um jornalista da Globo, uma TV que eu não vejo nem nada, mas era só um recorte, e ele dizia que Jair Bolsonaro é o ex-Presidente em atividade no Brasil, mesmo numa cama. Então, o bem que esse homem fez ao país no exercício do seu mandado, e ainda paga... A cada cinco minutos, tem uma coisa nova. Um homem que está numa UTI - desculpem-me o desabafo, e eu fui para tribuna já ontem, e eu venho falando disto - e recebe um oficial de justiça dentro de uma UTI sem luva, sem uma touca, sem o aparato que o próprio médico usa para poder entrar, para ver um paciente que está ali, que pode pegar uma infecção e ser morto. Ele entra com a mesma roupa suja da rua, com uma prancheta velha da rua, com o papel da rua, entra ali, assim, por puro capricho, puro capricho de Alexandre de Moraes, por puro capricho de Alexandre de Moraes. |
R | Mas agradeço tudo o que você falou. Acho que Deus vai te usar e que você tenha mais informações, que cheguem mais informações, porque você tem coragem de verbalizá-las e de tomar posição sobre isso. E vir a esta Comissão conosco, assim, não é uma coisa fácil, porque todos nós estamos correndo perigo nesse... Você pode sair daqui com um mandado de prisão, com a Polícia Federal te convocando para ir lá fazer um depoimento para você se explicar sobre o que você veio fazer aqui e o que você falou a respeito dessa Excelência nobilíssima que é o Sr. Alexandre de Moraes. Obrigado pela sua vinda aqui. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Senador Magno Malta. Passo a palavra então ao Senador Rogerio Marinho. O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Para interpelar.) - Sr. Presidente, eu queria pedir desculpas aqui aos nossos convidados, porque eu não pude acompanhar o depoimento de V. Sas., pois estava fazendo o debate a que me referi há pouco. Mas há uma pergunta que eu vou fazer e vou ser bem sucinto. É uma pergunta que me foi dirigida inclusive por milhares de brasileiros. Eu falo literalmente milhares de brasileiros porque nós temos, todos nós, redes sociais e somos - eu acredito - extremamente demandados por essas redes sociais. A população se faz ouvir de forma cidadã nesse aspecto. Nós começamos a assistir, com muita atenção, os relatos que V. Sa. faz ou fez na Folha de S.Paulo em relação aos diálogos eu diria cabulosos, que ocorreram entre Ministros... Desculpe, entre juízes auxiliares do então Ministro Presidente do Tribunal Superior Eleitoral Alexandre Moraes e assessores do próprio Tribunal, no caso, inclusive, o Tagliaferro. Eu inclusive, Sr. Glenn, peticionei ao CNJ, solicitando que fosse aberto inquérito para apurar responsabilidades porque, se alguém pede a um auxiliar que use a imaginação para elaborar uma ação ou encontrar provas contra o inimigo, me veio à mente o Beria, da polícia oficial lá do Stalin: "Mostre-me o homem, e eu lhe mostrarei o crime" ou me aponte o homem que eu apresento o crime. Então é uma coisa claramente encomendada, enviesada. E o CNJ, de pronto, arquivou, dizendo que eram diálogos naturais de quem exercia aquela atividade. Então, volto àquela minha reflexão anterior: o que está acontecendo com o Brasil? O que é certo e o que é errado? Os parâmetros ficaram de cabeça para baixo. Então, de repente, essas reportagens pararam. Até por curiosidade, a Folha de S.Paulo perdeu o interesse ou V. Sa. não encontrou nada mais, dentro desses seis gigas de conversas, que poderiam ser transformadas também em novas denúncias, para expor as entranhas da forma como se trabalhou nas eleições de 2022, de uma forma absolutamente vesga, caolha, enviesada, quando as ações todas foram perpetradas contra o espectro ideológico, e o outro passou sobranceiro. E é claro que isso influenciou no resultado da eleição. Mesmo que de maneira indireta influenciou e muito o resultado das eleições. Então a pergunta que faço a V. Sa. é se há ainda algum material, se há alguma reportagem que poderá ser publicada, o que é importante para todos nós brasileiros. O SR. GLENN GREENWALD (Para expor.) - Eu agradeço a V. Exa. por essa pergunta porque sei que tem muitas pessoas com essa dúvida, essa pergunta do que aconteceu com o processo jornalístico, que paramos por causa da Folha, por causa das ameaças. Então, estou feliz de ter a oportunidade de explicar isso. |
R | Tentei várias vezes nas entrevistas, no podcast, nas redes sociais, mas é melhor fazer isso quando tem mais pessoas prestando atenção. Então, cada vez que eu trabalhei como jornalista com um grande arquivo - e eu expliquei antes que foi na casa do Snowden, com esse grande arquivo sobre a espionagem dos Estados Unidos, várias vezes com o WikiLeaks, quando eu trabalhava com o WikiLeaks, no caso sobre a Lava Jato, várias outras vezes - sempre tem essa questão, essa dúvida: “Ah, tem mais para publicar? Tem mais para divulgar? Por que está escondendo coisas?”. Até agora, a esquerda brasileira acredita que eu não publiquei tudo o que eu tinha sobre o arquivo da Lava Jato. Tem pessoas que acreditam que escondemos coisas na reportagem do Snowden. É natural. “Ah, você tem esse grande arquivo, já publicou essa parte, por quê? O que tem mais?” Então, eu vou falar aqui - eu disse desde o começo de todas essas reportagens, inclusive essa - que a minha obrigação como jornalista é publicar todos os materiais que nós conseguimos confirmar de forma jornalística e que tenham interesse público. Obviamente, não vou publicar materiais sobre a vida privada, a vida particular de alguém, mas todas as coisas no interesse público. E eu acho que nós fizemos isso, ou seja, não teve uma vez em que eu fui à Folha e disse: “Ah, eu tenho mais um artigo para publicar”, e a Folha disse: “Não, não queremos", ou "não conseguimos”. Se eles fizessem isso, eu denunciaria a Folha na hora. Já fiz isso contra parceiros jornalísticos quando têm medo, quando têm hesitação. Eu divulguei isso publicamente, porque isso, para mim, é um escândalo jornalístico: não publicar materiais que são relevantes no interesse público, e que podem ser comprovados, mas não publicar por medo ou outros objetivos. Então, isso, pra mim, é corrupção jornalística. O que eu vou falar é que eu acho que essa percepção foi criada, nesse caso, porque, como eu disse antes, usamos de uma estratégia quando publicamos tudo o que foi preparado. Ou seja, quase todos os artigos foram preparados antes do primeiro dia da publicação e, por causa disso, nas primeiras duas semanas, três semanas, quase todos os dias estávamos publicando mais material, mais revelações. E essa, geralmente, não é a estratégia que eu prefiro usar, porque eu acho que isso não deixa espaço para o público e para outros processarem todas as informações. Ou seja, é demais para uma pessoa processar nesse momento, mas, realmente, publicamos muito, e eu acho que não recebeu a atenção que mereceu, por causa do fato dessa velocidade que estávamos usando para publicar. Tem mais um ou dois assuntos que ficamos investigando há meses, que ouvimos que talvez existam no arquivo. Eu usei vários colegas brasileiros que trabalham comigo. Os jornalistas da Folha foram profissionais, com muito compromisso, com muita ética. Eles queriam encontrar mais coisas, eu queria encontrar mais coisas. Acho que a minha opinião sobre Alexandre de Moraes não é vaga, é bem clara, eu publicaria tudo o que eu conseguisse provar. Só que, mesmo trabalhando tanto tempo, tem trechos que talvez poderiam significar uma coisa, mas não conseguimos fechar o material. E ainda estamos tentando, usando outras fontes, outros materiais, mas, até hoje, eu posso falar com muita tranquilidade que publicamos todos os materiais que deveriam ser publicados, ou seja, que podem ser confirmados e que estão no interesse público. Eu trabalhei com a Folha várias outras vezes, inclusive na reportagem da Lava Jato, e eles são muito agressivos, são jornalistas muito agressivos, para mim, muito éticos, pelo menos as pessoas com quem trabalhei. E jamais, acredito, que eles parariam por causa do medo, ou por causa das ameaças. E o que consigo falar é que nunca, uma vez, eu fui para a Folha para falar: "Ah, encontrei mais material", e que eles tenham me dito: "Não, queremos parar, não queremos publicar mais." Como eu disse, eu denunciaria isso na hora, e isso nunca aconteceu. |
R | O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado pela resposta, Glenn. Antes de passar a palavra para o Senador Girão, eu só queria também te fazer uma pergunta, Glenn, me surgiu agora, quando você comentou sobre outros casos de que o senhor já participou, porque você já faz parte da história do Brasil, ao fazer essa extração de dados da chamada Vaza toga... O SR. GLENN GREENWALD - Vaza jato. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vaza jato, vaza jato... Um material que acabou sendo aproveitado pelo próprio Supremo Tribunal Federal como um fato novo, que teria comprovado a suspeição do então Juiz Moro. E como é que isso teria se dado lá, conforme o que foi decidido pelo Supremo? Que havia uma relação muito direta entre o Moro e os procuradores, ou seja, quem está investigando com quem está julgando, e essa relação seria uma relação viciada, ilegal, e acabou sendo usada para anular os processos contra Lula, e ele acabou conseguindo concorrer. E gora a gente vê uma coisa muito parecida acontecer, com um agravante, do meu ponto de vista: é que o Alexandre de Moraes não é que ele tenha uma relação com um promotor de justiça, ou com um investigador da Polícia Federal - ele próprio reúne nele todos esses papéis. Em algum momento, para esquentar a prova, ele pede opinião do Ministério Público. As conversas que foram reveladas também por vocês, junto com o jornalista Fabio Serapião, mostram inclusive a indignação do Alexandre de Moraes quando um investigador não conseguia encontrar alguma coisa contra aquele alvo que ele escolheu para ser atingido. "Olha, use a criatividade...", "Ficou muito ruim esse relatório. Será que eu vou ter que fazer isso pessoalmente, vou ter que ensinar como é que faz?", ou seja, na minha percepção, Glenn, é algo muito mais claro, muito mais evidente, muito mais comprovado, de uma atuação completamente parcial, uma atuação completamente viciada de Alexandre de Moraes, para conseguir condenar aqueles alvos que ele já escondeu. |
R | Eu queria só ouvir se você concorda com isso? Qual é a sua análise? Comparando um caso com o outro, se você concorda que no caso, agora, com relação ao que está se fazendo com essas pessoas perseguidas do 8 de janeiro, com relação ao Bolsonaro, se não é algo muito mais evidente, muito mais claro, de perseguição do que você encontrou lá nesse material que foi usado para declarar que o Moro era um juiz suspeito para julgar o Lula? O SR. GLENN GREENWALD (Para expor.) - Então, é difícil comparar para mim, porque são casos diferentes. Eu começaria com o fato de que naquela época o Sergio Moro era um juiz na primeira instância e Alexandre de Moraes não é só um Ministro do Supremo, mas um superministro do Supremo, mandando em quase tudo. Isso já é uma diferença importante. Outra diferença é que o material naquela reportagem da Lava Jato foi obtido por um hacker que violou a lei. Neste caso, as fontes tinham acesso legalmente, ninguém entrou ilegalmente, ninguém fez um hackeamento, tudo foi dentro da legalidade para ter acesso para esse material. Mas eu falaria que... Eu não vou falar que um me preocupa mais do que o outro, que um é mais grave do que o outro, mas eu vou falar que eu acho que o Alexandre de Moraes é um grande perigo para a democracia brasileira por causa do fato de que ele não respeita nenhum limite da lei, ou seja, em muitos materiais aqui ele sempre atua como a suposta vítima. Depois de ele se identificar como a vítima, ele assume o papel de investigador espontâneo, difícil, sem o menor pedido do Ministério Público ou da polícia. Ele que inicia a investigação, ele manda a investigação e depois atua como juiz. Há, em vários casos aqui, inclusive o do seu irmão Eduardo, mas de várias outras pessoas também, quando ele iniciou uma investigação só falando: "Eu quero pegar essas pessoas". Ele não tinha evidência, não tinha nada da Polícia Federal, do Ministério Público pedindo isso, foi ele que criou a investigação. Ele não sabia se tinha evidência ou não, ele mandou o TSE para tentar encontrar evidências para justificar o que ele queria fazer com punições, prendendo pessoas, bloqueando redes sociais. Há até um dia em que ele, por exemplo, acordou e decidiu punir a Revista Oeste, que estava criticando o Moraes o tempo todo. É uma revista com jornalistas bem reconhecidos, não se tem dúvida de que é uma revista jornalística, e ele queria punir a Revista Oeste sem saber alguma coisa que eles fizeram para que se justificasse isso. Ele mandou o TSE... O assessor do STF mandou o TSE: "procure evidências para justificar a punição da Revista Oeste. É muito importante para o Ministro". Alguns dias depois, o TSE ainda não havia mandado nada. Quando o braço direito, no STF, do Moraes mais uma vez pediu: "precisamos desse relatório, o Ministro quer esse relatório para punir essa revista", o chefe do setor de combate à desinformação no TSE disse: "eu não consegui encontrar nada, não tem evidência nenhuma de que eles fizeram um crime. Eles não fizeram nada.". E a resposta do STF foi: "Seja criativo, ou seja, inventa uma coisa, porque o Ministro quer.". |
R | Tem outras coisas quando ele queria investigar pessoas que estavam criticando ele nas redes sociais e ele mandou para a TSE, falando: ele quer pegar essa pessoa, ele quer pegar esse jornalista, ele quer pegar esse Deputado. De novo: não tem nenhuma relação com a eleição, mesmo usando o TSE, e também está escondendo o tempo todo. Só quero ler uma coisa aqui: Moraes recebia os relatórios e os utilizava para embasar decisões contra os bolsonaristas. Nas decisões, ele citava ter recebido da AEED, que é o órgão dessa informação no TSE, mas sem revelar ter sido o ator do pedido para a produção, como se tivessem sido enviados na forma espontânea para a Corte eleitoral. Tudo foi escondido, tudo foi fraudado, porque, mais uma vez, eles sabiam o que eles estavam fazendo, que estava errado. Mesmo agora, insistindo na inocência de tudo o que eles fizeram, com todo esse comportamento, conseguimos mostrar depois - ele afirmou essa defesa - que não era verdade. Então, para mim, isto é muito grave. Um juiz acordando, decidindo: "Ah quero prender essa pessoa, quero bloquear as redes sociais dessa pessoa, não por causa do fato de que está violando a lei, mas porque está me criticando. Então, sou vítima dessas críticas." Como eu disse, ele sempre interpretava qualquer crítica a ele como um ataque criminoso às instituições brasileiras, e, depois, ele manda uma Corte que só tem poder relacionado com a eleição para investigar essas pessoas que ele quer prender e ele pressiona. Até, às vezes, ele recebe um Relator e fala: "Não, isso não é suficiente, quero mais, quero mais" com motivos políticos para prender os críticos dele, abusando do poder o tempo todo, escondendo o que ele estava fazendo, mesmo sabendo que não estava certo. Então, mais uma vez, não quero falar que isso foi pior do que isso, mas é suficiente observar que a evidência é muito concreta e mostra muitas coisas graves. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É, mas sua fala deixa claro que é mais grave agora do que antes. (Risos.) Com a palavra o Deputado General Girão... A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para interpelar.) - Enquanto o General Girão mexe no microfone aí... Eu fiquei muito preocupada agora, Glenn. Nós estamos diante de um problema de caráter ou de insanidade mental. Eu acho que ninguém nunca pediu um exame de sanidade mental, e é possível, na legislação brasileira, pedir exame de sanidade mental de autoridade. Esse homem pode colocar em risco a segurança pública de uma nação. Então, eu acho que nós vamos ter que começar a pensar que talvez não seja caráter, talvez ele esteja com complexo de perseguição - isso é doença mental - e nós vamos ter que tomar uma atitude também. Eu quero pensar depois sobre isso. Obrigada, Glenn, pela sua fala agora. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu só quero perguntar se algum Senador antes quer fazer uso da palavra ou apenas... (Pausa.) Está esperando o material ficar pronto. Então passo a palavra ao Deputado General Girão. O SR. GENERAL GIRÃO (Bloco/PL - RN. Para expor.) - Sr. Senador Flávio, muito obrigado mais uma vez. Eu gostaria de inicialmente agradecer ao meu querido Senador Magno Malta. Há pouco mais de três semanas, Magno Malta foi a Natal e, na oportunidade, foi visitar Bolsonaro, que tinha acabado de ser internado lá, por conta daquele mal-estar que ele sofreu numa viagem que estava fazendo com o Senador Rogerio Marinho. Eu já estava no hospital, porque tive um problema de infecção bacteriana um pouco antes, dois dias antes. Não pude acompanhar o evento com o Presidente Bolsonaro, mas acabou que ele foi para o hospital, e conversamos com ele lá, muito rapidamente, em função das dores e do quadro clínico por que ele estava passando. Fico feliz pela melhoria que ele está tendo agora. Deixo meu repúdio em função da apresentação também desse oficial de justiça lá na UTI do hospital, mas o Senador Magno Malta foi lá e fez uma oração a meu favor. E eu quero agradecer muito a este combatente, porque ele estava de cadeira de rodas quando chegou lá, e eu estava numa situação bastante complexa, em função de eu ter uma válvula bovina aqui no meu coração e não poder, de maneira nenhuma, sofrer nenhum ataque de bactéria. O risco foi muito grande. Eu agradeço a todos, as ligações telefônicas, a visita do Senador Rogerio Marinho, a ligação também do Senador Eduardo Girão, enfim, as orações da Senadora Damares e de todos os colegas. |
R | Mas, meu jovem - digo jovem, porque eu já vou fazer 70 anos no ano que vem - então, jovem Glenn Greenwald, além dos presos políticos, nós temos também refugiados e temos foragidos políticos. Agora, lá na Itália, nós recebemos, Senador Rogerio Marinho, Senadora Damares - eu vou encaminhar para a senhora também aqui no Senado, à Comissão de Direitos Humanos -, uma carta dos foragidos políticos, que são aquelas pessoas que não quiseram ser presas e fugiram dessa situação de prisão, porque sabiam que estariam sendo investigadas também em função daquela situação do 8 de janeiro. Então, eu deixo aqui também o meu pedido de, o quanto antes o senhor puder, voltar a divulgar esses áudios que existam dentro desse arquivo de não sei quantos teras que o senhor disse que tem, porque essas pessoas também poderão ser beneficiadas - não somente os presos, mas também os foragidos e os refugiados. Nós tivemos contato, na Itália, com pessoas refugiadas que nos procuraram. O evento da Itália foi interessante, porque aconteceu em função dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial - a Itália foi libertada no dia 25 de abril -, e nós participamos desses eventos lá, eu e o Senador Eduardo Girão. A Itália comemora, sim, a presença dos brasileiros, a participação da força expedicionária brasileira neste movimento de libertação. Se a FEB saiu daqui do Brasil para um outro continente, para lutar uma guerra em função da liberdade, da democracia e da justiça, não é mais do que o momento em que nós possamos aqui unir forças - o Senado Federal, a Câmara dos Deputados, os jornalistas brasileiros. E eu deixo aqui mais uma concitação, um estímulo para que os demais jornalistas que tenham informações sobre essa situação que a gente está vivendo no Brasil, de uma... A gente diz que a Constituição foi relativizada, a democracia também está sendo relativizada, e a gente precisa que todas as forças possam se unir. Assim foi nos Estados Unidos, que é o seu país, quando o Watergate surgiu e derrubou um Presidente. A gente precisa de as forças serem unidas, e o jornalista tem essa capacidade de investigação, para que nós possamos mostrar para o Brasil, para o mundo, a verdade, a verdade que o Brasil vive hoje. Eu termino as minhas palavras pedindo ao senhor: ajude-nos a mostrar a verdade mostrando essas conversas - como já foi falado aqui - cabulosas, porque o Brasil precisa saber, o mundo precisa saber o momento que estamos vivendo. Agradeço, sim, a sua participação e espero que, com essa força do jornalista brasileiro e do jornalista estrangeiro, como do nosso jornalista português aqui também que já participou desta audiência -, nós possamos ter essa união de esforços, porque não resta dúvida de que o mundo precisa saber dessa verdade. E a gente espera que ela possa surgir com a força das suas conversas, existentes nos seus arquivos, e com a força também do Senado Federal, que é a Casa revisora da República. Cabe ao Senado, sim, intimar, convocar, trazer à verdade e trazer à responsabilidade aqueles que estão agindo fora das quatro linhas da Constituição, afinal de contas, como disse o Alexandre Garcia, no nosso evento, no fórum lá em Milão, na Itália, no último domingo, é claro que o art. 53 da Constituição, quando foi escrito pelo Constituinte, deixou claro que os Senadores e Deputados são invioláveis por quaisquer opiniões, palavras e votos. Esse "quaisquer" está sendo mortalmente ferido em função das continuadas agressões que têm chegado aqui à Câmara de Deputados. Inclusive ontem, o nosso Líder do PL, o Deputado Sóstenes, recebeu intimação de um Ministro do STF em função de uma palavra que ele deu durante participação em um evento público. Então, eu agradeço o senhor se puder nos ajudar e fazer com que essas informações continuem sendo mostradas para que o Brasil e o mundo possam reagir a essa agressão à democracia mundial. |
R | Muito obrigado. O SR. GLENN GREENWALD - Posso responder? O SR. PRESIDENTE (Hamilton Mourão. Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS) - Por favor, Sr. Greenwald. O SR. GLENN GREENWALD (Para expor.) - Primeiramente, eu só queria falar que eu acredito que já publicamos muitos materiais provando os atos inapropriados do Ministro Moraes, muitos materiais, não só nessa reportagem que tem 15 artigos com várias conversas, chats, áudios, mas também eu fiz muitas reportagens no caso do Filipe Martins, quando o Ministro Moraes o mandou ser preso baseado em falsidades óbvias que eu consegui provar dentro de duas semanas, outra ordem de censura que ele emitiu de forma totalmente sigilosa, sem base legal nenhuma, porque esse poder expirou no dia depois da eleição. Então, eu só queria enfatizar aqui que publicamos muito nessa reportagem na Folha de S. Paulo. Se eu tivesse outro material que conseguisse provar mais atos criminais, mais atos ilegais, mais atos inapropriados, eu publicaria na hora. Não é que estou segurando materiais para esperar um melhor dia para publicar. Neste momento, não tenho mais para publicar com que consigo provar e consigo confirmar. No minuto em que eu tiver, eu vou publicar. Só quero falar que eu conheço pessoas que estão fora do Brasil por causa do medo de serem presas por crimes - jornalistas -, eu sou amigo, são pessoas que conheço, então, eu entendo a situação muito bem. Como eu disse, se eu tivesse material para publicar que ajudasse essas pessoas, que terminasse com essa injustiça, eu publicaria, só que a única coisa que posso fazer como jornalista é publicar, reportar. Não posso forçar outras instituições brasileiras ou o público brasileiro a reagir da forma como eu acho que deveriam, mas estou fazendo tudo que consigo para mostrar a verdade. |
R | O SR. GENERAL GIRÃO (Bloco/PL - RN) - Ao senhor não cabe inventar. O senhor tem a verdade consigo e mostra aquilo que... Em relação ao Filipe Martins, o Deputado Helio Lopes disse que era testemunha, ele foi testemunha, que tirou o Filipe Martins e levou ele para casa, e se ofereceu para ser ouvido, e não foi chamado. Então, é mais uma verdade que a gente precisa realmente deixar clara aqui. Falamos sobre isso essa semana, lá na Itália. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado. Passo a palavra ao Deputado Marcel Van Hattem. O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS. Para expor.) - Bom, Presidente, agora um pouco mais longo, mas eu vou tentar focar mais, e fazer perguntas mesmo, não é o momento de fazer um discurso aqui, no meu caso, até porque eu gostaria de obter, enfim, respostas do Glenn que possam nos auxiliar nessa caminhada aqui, e, de novo, reconhecendo o seu trabalho, e solidariedade aos ataques que vem sofrendo, que são realmente absurdos. Aliás, quero fazer também aqui uma observação antes de começar. É engraçado que ninguém da esquerda está aqui, nenhum Deputado, nenhum Senador, e isso, infelizmente, tem sido recorrente. E reconhecem alguns deles, preciso também dizer isso, mas não publicamente, assim como você disse, que tem aqueles que reconhecem que o Alexandre de Moraes está se excedendo e não querem ir a público, também há colegas na esquerda que reconhecem, mas sabem que, lamentavelmente, politicamente estariam mortos neste momento, pelo menos internamente nos seus partidos, se falassem alguma coisa. Eu queria lembrar como tudo começou nessa questão do Alexandre de Moraes. Março de 2019, estou aqui ao lado do Senador Rogerio Marinho, nós, inclusive, fizemos uma festa de aniversário, ao contrário, no ano passado, porque, na verdade, não teve para se comemorar, dos cinco anos do inquérito das fake news. E eu quero fazer um paralelo com a própria "vaza jato", que se iniciou, se nós não estamos enganados, e o Google nos assessora bem nesse ponto, em junho daquele mesmo ano. E a grande crítica da "vaza jato" era a participação de juiz e promotor em conversas privadas para buscar condenação, ou absolvição de réus. Então, falando aqui, sem entrar no mérito de um ou de outro, o fato que foi trazido à tona e que foi transformado em uma grande crítica no ambiente político. Pois bem, anteriormente à "vaza jato", em março, Alexandre de Moraes se tornou, ao mesmo tempo, juiz e investigador. E é uma pergunta pessoal, talvez um pouco incômoda, me perdoe se for, mas sei que muitas pessoas não perceberam naquele momento exatamente o que estava acontecendo. Eu fui um dos primeiros a falar. Assim que saiu, eu fui à tribuna denunciar isso, mas eu queria perguntar ao senhor se o senhor já tinha se dado conta, naquela época, de que a crítica à "vaza jato" cabia mais ainda ao Alexandre de Moraes por estar fazendo, claro, junto com o Dias Toffoli, dobradinha, todo o apoio do STF, mas ele fazendo sozinho aquilo que a "vaza jato" denunciava ter sido feito em conjunto, por promotor e juiz. Então, essa é uma primeira pergunta que eu gostaria de desdobrar numa segunda que é sobre o interesse político que havia em derrubar Bolsonaro, que o senhor bem mencionou aqui. Na verdade, o interesse político é todo... O crime mesmo é ser bolsonarista hoje, no Brasil, ou ser de direita, porque já pega mais o espectro mais amplo. Eu mesmo nem sou do Partido do Bolsonaro, sou do Novo, estou sendo perseguido e tantos outros. Então, esse é o primeiro fato, e realmente há um interesse político muito grande, até porque a gente vê que há traficantes sendo soltos, há roubalheira desenfreada no Governo, mas ai de um Deputado que não cuidar de uma nota fiscal mal redigida, colocada no seu... E eu cuido de cada centavo, tudo no meu gabinete, porque eu sei que tem Deputado aqui que já teve busca e apreensão por bobagem, por coisas que não foram crime, pelo menos pelas informações que nós temos. Então, quer dizer, o crime mesmo é ser bolsonarista ou ser de direita. |
R | Mas tem um outro aspecto que eu acho muito importante, que foi a chegada da Lava Jato à corte, porque, quando chegam as delações de Marcelo Odebrecht contra Dias Toffoli, é aí que a corte começa a reagir e dizer: "Não, isso é fake news". Em vez de permitir que haja uma investigação mesmo contra os membros do Supremo Tribunal Federal - porque ninguém pode estar acima da lei -, eles decidem... Tem alguma coisa tocando aí que está me desconcentrando, não sei. (Intervenção fora do microfone.) O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - Oi? (Intervenção fora do microfone.) O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - Ah, desculpa, Magno, eu aqui me desconcentrei. Em vez de permitir investigação, eles criam esse argumento de que foi fake news e começam, primeiro, contra a revista Crusoé, ou seja, primeiro contra a questão fática mesmo, para depois recuar um pouquinho, mas já passar ao alvo político, mas o ganho financeiro nunca se perdeu nessa história. Acho que, pelo contrário, porque depois o STF decide que Gilmar Mendes e outros não podem ter seus sigilos fiscais quebrados, que a Receita não pode investigá-los. Mais adiante, decidem agora, mais recentemente, que parentes podem julgar, perante a corte, casos em que eles estão... O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Fora do microfone.) - Que não há conflito de interesse. O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - ... em que não há conflito de interesse. Eles estão julgando casos, e parentes - esposa, mãe, filho - podem ser advogados, ou seja, eu acho que, além da questão do interesse político de derrubar Bolsonaro, há o interesse financeiro e, talvez, inclusive porque Bolsonaro vem numa onda de questionamento de todo um sistema financeiro que está agregado a esse establishment brasileiro, ele acaba virando um espantalho, digamos assim, na história toda, para manter o interesse financeiro. Então, eu queria entender a sua opinião sobre isso também. O quanto esse interesse financeiro - vou usar um termo marxista - da classe dominante é relevante? Não que eu concorde, mas é para jogar para o lado daqueles que... para tentar entender do outro lado também, não é? Quanto do interesse financeiro da classe dominante, do establishment, do deep state, foi importante nesse sentido? E aí, eu passo para a segunda pergunta, que também tem a ver com interesse financeiro - eu imagino, na minha opinião, mas pode discordar à vontade, por favor -, que é o interesse financeiro da mídia brasileira e internacional, que perdeu muito em anunciantes, perdeu muito em assinantes e, lamentavelmente, agora está tendo que usar as muletas do Estado, em muitos casos - e aqui no Brasil não é diferente -, para se manter. Então, eu queria saber, como segunda pergunta: o papel da mídia brasileira, porque eu vejo, por exemplo, editoriais. Fique à vontade para não responder, eu sei que o senhor é jornalista, daqui a pouco tem algum conflito de interesse na pergunta, mas eu leio os editoriais do Estadão e da Folha quase todos os dias -, e eles têm, muitas vezes, agora mais recentemente, criticado os abusos de Alexandre de Moraes, mas sempre vêm com aquela vírgula: "Porém, durante o período eleitoral, para manter a democracia, foi importante, etc.", num discurso que, no fundo, justifica a censura, aos moldes do que a Cármen Lúcia fez naquele voto ridículo lá no TSE, dizendo: "Sou contra a censura, mas tudo bem, só um pouquinho". Só um pouquinho já dura quanto tempo? O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Fora do microfone.) - É a meia-gravidez, meia-gravidez! O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - É a meia-gravidez. É o "art. 26,5", né? Enfim... Até metade pode? Então, essa é a segunda pergunta, desdobrada num ponto B, que é essa discussão que a gente vê dos jornalistas versus blogueiros. O Glenn não é mais jornalista, hoje ele é blogueiro. Se bobear, é blogueiro bolsonarista, né? Algo completamente distante da realidade. E a gente vê isso. Eu, como jornalista - não só lá atrás, de profissão, hoje não exerço -, comecei no jornal. Aliás, comecei como jornaleiro, depois fui repórter, fiz o meu mestrado em Jornalismo. Gosto do tema, estudo o tema. Eu vejo essa discussão aqui de jornalistas e blogueiros muito mais também como essa falácia do espantalho, essa coisa de tentar desmerecer os outros, e eu queria entender melhor como o senhor tem encarado isso, porque é um demérito à sua trajetória, mas também de tantos outros que fazem jornalismo honesto e sincero, enquanto aqueles que se declaram jornalistas mentem na cara dura. |
R | Eu vi ainda anteontem um vídeo da Raquel Landim - desculpe-me usar um exemplo específico, poderia usar de mil outros -, dizendo: "Olha, nós já sabíamos na época da pandemia que tinha um monte de denúncias de corrupção nos respiradores, mas nós não podíamos falar nessas denúncias de corrupção porque isso ia beneficiar o BoIsonaro". Isso não é jornalismo, mas essas pessoas se dizem jornalistas e acusam aqueles que, naquela época, tentavam dizer alguma coisa de serem os blogueiros, não é isso? Então, isso é um pouco um comentário, mas a pergunta seria, de fato, qual o papel da mídia brasileira e essa guerra de narrativas? O terceiro ponto que já foi abordado aqui é a questão do apoio internacional. Muitas pessoas recorrem a nós e dizem: "Olha, já está perdido no Brasil, a coisa está muito difícil, nós precisamos de apoio internacional", mas a gente vê que outros países passam pelo mesmo. A gente não pode vender ilusão, a solução está aqui, nós temos que trabalhar aqui. É lógico que a gente acessa cortes internacionais, a gente vai para a mídia internacional e assim por diante. E aí a minha pergunta, nesse sentido não só do apoio internacional, mas talvez da cumplicidade internacional, é: até que ponto esse movimento que nós estamos vivendo hoje tem tentáculos de todo mundo? Porque o caso do Filipe Martins me parece muito claro. O que aconteceu lá na Flórida não poderia ter ocorrido - olha, até poderia, mas seria uma coincidência muito grande, está difícil acreditar em coincidências - sem que houvesse uma conversa entre as autoridades brasileiras e aquelas autoridades em solo americano... O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Fora do microfone.) - Pelo menos as alfandegárias. O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - Pelo menos alfandegárias. E isso nos faz refletir também não só que a solução não está exclusivamente lá fora, mas aqui dentro também, mas - pior - que o problema está lá fora também. Eu queria uma reflexão sobre esse ponto de apoio internacional e problema internacional, desdobrado também num segundo ponto, que é o papel de órgãos internacionais como a OEA, que esteve aqui com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Veio um Relator, nos ouviu. Não tenho crítica sobre a parte de nos ter ouvido, inclusive nós gravamos tudo, mas da forma como aconteceu, iniciando pelo STF - ou seja, primeiro ouviu o abusador para depois vir ouvir a vítima -; da forma como nos trataram numa audiência que nós tínhamos aprazada, com a aprovação da Presidência da Câmara, e que foi cancelada em cima da hora não só conosco, mas também com entidades que estão ligadas à esquerda... Até peço desculpa aos esquerdistas que são honestos e buscam - e que cada vez são mais raros - verdadeiramente os fatos, mas essas entidades esquerdistas queriam era realmente botar água no nosso chope. Não só elas estavam lá em Washington, Glenn, quando foi marcada a audiência pública, que depois foi cancelada, adiada - mas até hoje não foi realizada -, como nós recebemos como uma compensação uma audiência secreta, porque não queriam nem que fosse gravada - certo? -, uma audiência secreta, enquanto aquelas entidades foram recebidas com pompa e circunstância numa audiência sobre outro assunto, cujo tema já nem lembro, mas também não importa, porque não era relacionado à audiência que tinha sido marcada. Então, eu queria entender um pouco melhor qual a sua visão sobre o papel dessas entidades, desses órgãos multilaterais, OEA e tantos outros, que precisariam estar neste momento justamente defendendo direitos humanos, defendendo os cidadãos dos países signatários contra a censura, a liberdade de imprensa, e me parece que viraram mais um órgão burocrático em que o pessoal que está lá está adorando ganhar diária para viajar, participar dos círculos mais íntimos do poder, tomando lá uisquezinho e vinho, mas na hora do vamos ver, de defender direitos humanos mesmo, me parece, pelo menos - até agora não saiu o relatório -, espero que eu esteja enganado, estão mais ao lado dos abusadores do que das vítimas. |
R | Para finalizar, e desculpem-me se me excedi, e espero que as perguntas sejam úteis, o papel da interferência judicial no mundo todo, porque o senhor tem uma experiência nacional, é americano, é uma pessoa que eu admiro pela inteligência, pela forma como busca a informação e depois a compartilha e conhece, tem formação e informação internacional. Há vários livros mais recentes sendo escritos sobre a dita "juristocracia", esse avanço do Poder Judiciário, e como o senhor vê isso também prejudicando o trabalho da imprensa, mais especificamente, mas, claro, também, o próprio sistema democrático. E para finalizar, uma pergunta bem simples: qual é a saída para tudo isso, Glenn? Como você tem visto, como cidadão que tem... (Intervenção fora do microfone.) O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - Ajude-nos, dê-nos a saída! Não, nós todos aqui sabemos, estamos no Senado da República, no Senado, que deve cuidar do impeachment de Ministro do Supremo, por exemplo, que, eu entendo, é a saída drástica, mas mais necessária e urgente, porém sem o apoio, hoje, consolidado dos Parlamentares, é uma pena. Deveria ser, na minha opinião, e o senhor talvez divirja, a saída mais rápida, e não que seja a solução de todos os problemas, mas já dá um freio, mas, dado, inclusive, esse fator político difícil, o que o senhor tem visto para o futuro do Brasil, pela experiência que tem e pela perseguição que o senhor está vendo, cada vez maior? Parece-me que aquilo que foi dito, e agora não sei se foi pelo Senador Magno Malta, quase certeza que foi, aquilo que foi dito é muito verdadeiro: parece-me que o Supremo Tribunal Federal cruzou o Rubicão e não consegue mais voltar atrás. Eles estão numa situação que vai depender, talvez, de uma fratura interna... É tão ruim ser analista de política ou instituição quando você é ator e pode também agir, mas agora me permitir, no papel de fazer uma vez de analista, me parece que é mais uma fratura interna, uma coisa que acontece lá ou um fato excepcional do que algo que a gente consiga, controladamente, fazer chegar no objetivo, que é tão importante, que é preservar a democracia, evitar censura e garantir a liberdade da imprensa para que o senhor possa fazer o seu trabalho sem nenhum medo de ameaça ou qualquer outro tipo de situação ainda pior. Muito obrigado. O SR. GLENN GREENWALD (Para expor.) - Obrigado pela pergunta, e vou tentar responder para todos, mas, se faltar uma, me perdoem, mas acho que lembrei tudo. Também observei a falta da presença de Parlamentares da esquerda, quando estive aqui, quando falei antes, eu notei isso. Está bem diferente do que da última vez em que estive aqui, durante a reportagem da Lava Jato, quando a esquerda estava elogiando e elogiando, na maior forma possível... Naquela época, eu era o jornalista mais premiado, etc., e agora eu sou blogueiro fascista. (Risos.) Mas acho que isso tem um ponto importante, que eu também conheço pessoas da esquerda, inclusive que são membros do Congresso, eleitos, que têm dúvidas e até preocupações sobre o Alexandre de Moraes. Mesmo o grande, o maior dos apoiadores na mídia, que é, para mim, o Globo, a TV Globo e o jornal O Globo, às vezes, também expressam algumas preocupações quando ele ultrapassou os limites, atropelados, quando ele mandou executivos do Google e do Facebook aparecerem na Polícia Federal, fazer depoimento, também quando ele, mais ou menos, roubou o dinheiro da Starlink para punir uma outra empresa totalmente independente que era o Twitter. Acho que isso também incomodou muitas pessoas, mesmo da esquerda, na mídia. Mas, no fim das contas, acho que, por um lado, eles não querem criticar Alexandre de Moraes, porque eles não querem que ele tenha limites, porque eles gostam de como ele está abusando do seu poder, porque são beneficiários políticos, é só isso. Mas também acho que está acontecendo, dentro do STF, também e de outras instituições que, mesmo quando eles acreditem que o Moraes está abusando do seu poder, eles não querem dar uma vitória para o movimento bolsonarista, ou seja, não querem, nenhuma vez, afirmar que o Moraes errou, porque isso daria conforto, ou armas, para seus inimigos políticos. |
R | Então, isso é muito, muito perigoso, que não queiram limitar o Moraes, não queiram falar que não pode passar do limite, porque não querem dar uma vitória moral, uma outra vitória para seus inimigos políticos. Acho que isso é uma coisa muito perigosa e tem que parar logo. Sobre Moraes, você me perguntou se naquela época da "vaza jato" eu sabia que Moraes estava atuando como investigador, juiz e vítima. Na realidade, não percebi isso. Eu comecei a criticar Moraes com o inquérito das fake news que eu sabia, militarmente, que vai se tornar uma arma da censura, mas muito dessa reportagem, e antes dessa reportagem também, uma das minhas preocupações maiores era justamente que, por exemplo, no caso da Lava Jato, sem entrar no mérito, o argumento foi: o Juiz Moro está atuando como juiz e investigador. No caso do Moraes, ele não só está fazendo isso, mas ele também é a vítima, a suposta vítima, ou seja, ele está atuando não para proteger a lei ou punir crimes, mas quer punir as pessoas que estão criticando ele. E ele percebe que é uma vítima, no minuto que alguém o critica. E ele está num ponto, e acho que a Senadora Damares aferiu isso, talvez porque, por mais que você seja fanático numa cruzada ou causa, você se torna mais persuadido de que você é uma pessoa bem certa e que está fazendo uma causa bem nobre, que você começa a acreditar que tudo é justificado. Mas o fato é que eu nunca vi isso em nenhum outro país democrático, e é impossível, em todos os países democráticos e também no Brasil, até 2019, que um juiz que ache que tem um interesse público num crime ao mesmo tempo possa iniciar uma investigação, que possa julgar uma investigação, mas é isso que ele está fazendo. Sobre a questão da mídia e a liberdade da imprensa, acho que você está referindo àquela vez quando o Supremo censurou O Antagonista por publicar esse artigo O amigo do amigo... Tudo isso... |
R | O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS. Fora do microfone.) - A Crusoé. O SR. GLENN GREENWALD - A Crusoé, exato. É, acho que foi O Antagonista naquela época, mas talvez tenha sido a revista Crusoé. Quando eu estava no Intercept, em 2017, nós publicamos esse artigo que foi censurado no Antagonista só para expressar solidariedade com a direita da imprensa e imprensa livre, mas eu acho que agora jornalistas têm medo, e eu entendo por quê. Porque, na mente do Alexandre de Moraes, qualquer denúncia ou qualquer crítica sobre ele, ele está interpretando na hora como um crime. Não é que só ser bolsonarista é um crime, só criticar Moraes é um crime. Ele descreve isso como um ataque à democracia brasileira, ou uma tentativa de derrubar a credibilidade das instituições brasileiras. Ele acredita que ele é a democracia brasileira, que ele é a legitimidade da instituição. Então, criticar Moraes é automaticamente cometer o crime de atacar a democracia. Isso também é muito perigoso. Sobre a questão da mídia e o motivo financeiro, acho que muitas mídias, em muitos países, estão enfrentando esse problema. Ou seja, agora tudo está bem isolado: a direita só lerá esse site, a esquerda só lerá esse site. Na New York Times, quase 90%, 93% dos leitores do New York Times são anti-Trump ou progressistas. Então, o New York Times sabe que, se eles publicarem um artigo que é criticando o partido democrático ou defendendo o Trump, eles vão perder as pessoas que estão financiando o jornal. E acho que aqui no Brasil tem o mesmo problema, muitas pessoas que são da direita, que são bolsonaristas, não estão lendo O Globo, a Folha, a Veja, o Estadão, porque perderam confiança. Sobre a Folha, eu quero falar que, por um lado, você tem razão, que, às vezes, mesmo quando eles publicam editoriais criticando Moraes, é como essa: "Ah, mas isso foi feito durante esse momento bem perigoso para o nosso país", ou "enfrentando um golpe", etc., eles estão justificando e ao mesmo tempo criticando. Só que, no caso da Folha, acho que é bem importante reconhecer que eles publicaram artigos bem duros nas críticas de Moraes, mas também, nesse caso, eu tenho certeza de que muitas revistas, muitos jornais jamais trabalhariam comigo para publicar esses materiais. A Folha nunca expressou nenhuma hesitação, e, na realidade, quem fez muito desse trabalho não fui só eu, mas muitos colegas, muitos repórteres, muitos editores da Folha. Eles fizeram tudo isso com coragem. Então, acho que eles merecem crédito, mesmo que tenha outra crítica justificada, porque isso não é garantido para todos os outros. Sobre essa questão das instituições internacionais, sobretudo esse caso do Filipe Martins, mas outras também, eu acho que é muito importante que as maiores revistas e jornais internacionais, nos Estados Unidos, no Reino Unido, em outros lugares, estão expressando preocupação com a democracia brasileira por causa do Alexandre de Moraes, mas eu acredito... E também eu tenho certeza de que um dia, mais cedo ou mais tarde, vai chegar um momento quando o Trump e o Governo do Trump vão focar no Brasil, o.k.? Elon Musk já, mais ou menos, prometeu, garantiu que Alexandre de Moraes vai ser preso, e ele não é uma pessoa que esquece coisas assim com facilidade. |
R | Então, eu sei que tem muitas pessoas bem altas no Governo que estão fazendo essa pergunta, mas, no caso do Filipe Martins, acho que é uma oportunidade de usar esse aspecto internacional, porque neste caso não foi só uma decisão corrupta, eu falaria, do Moraes prendendo o Filipe Martins. Quando eu vi que o Filipe Martins nunca saiu do Brasil, mas estava aqui no Brasil o tempo todo, eu pedi evidências. E eu vi evidências muito amplas, muito conclusivas, que provaram, isso foi bem cedo, que o Filipe Martins estava no Brasil o tempo todo. Fácil de provar! Mesmo o PGR manifestou para ele ser solto porque as acusações foram falsas, e o Moraes rejeitou esse pedido do PGR e manteve essa prisão por mais quatro meses. Mas tem esse outro aspecto que está aparecendo no meio de tudo, esse repórter do Metrópoles que afirmou que descobriu documentos no centro de imigração, no Customs and Border Protection, nos Estados Unidos, de que o Filipe Martins entrou, mesmo que não tenha entrado. E o Alexandre de Moraes usou isso para justificar e continuar com a prisão dele. Só que sabemos que esses documentos são falsos, ele nunca entrou. Como apareceu no meio de tudo um documento perfeito para justificar a prisão do Filipe Martins? Isso não é sobre o Brasil, isso é sobre a ida aos Estados Unidos. Então, eu estou fazendo tudo para publicar isso. Já fiz reportagem sobre isso e estou falando com membros do Congresso, porque isso tem que ser investigado, acho que isso pode realmente levar a alguma coisa bem incriminadora. Só para falar uma última coisa sobre essa ida. Muitas vezes, quando tem uma pessoa, uma instituição que está bem protegida, bem popular, demora tempo para mostrar de fato que essa pessoa está cometendo impropriedades, até crimes, etc., mas acontece, não se pode esconder a verdade para sempre. Aqui, no Brasil, tem muitas pessoas querendo proteger Alexandre de Moraes, independentemente das evidências, por causa do fato que eu disse antes. Se você ler essa entrevista que ele fez com a Revista The New Yorker, que foi uma... um jornalismo ruim, nem incluiu uma crítica. (Intervenção fora do microfone.) O SR. GLENN GREENWALD - É, mas ele falou muito. E o que ele está falando, ele fala como não tem ninguém, não tem nada que pode limitar o que ele está fazendo. Falando como ele é quase um Deus. Falou: "Os Estados Unidos não podem fazer nada contra mim, não podem fazer nada para impedir o que estou fazendo, mesmo enviando jatos militares, nem assim". Ele está com essa atitude, essa pachorra de que ele é o poder superior. Isso é realmente uma mentalidade dele. Não sei, eu não sou psicólogo, mas para mim essa é uma mentalidade muito perturbadora, muito perigosa, mas é isso que ele tem. O SR. MARCEL VAN HATTEM (NOVO - RS) - Eu acho que você quer dizer psiquiatra. O SR. GLENN GREENWALD - É, não sou, mas precisa ser. Precisa ser para... Não é difícil analisar essa entrevista. |
R | Eu falaria que a única coisa que consigo pensar como saída é continuar a mostrar toda a evidência que existe, mas também enfatizando que a evidência que já temos mostra. E um dia, mais cedo ou mais tarde, eu acredito que o valor do Alexandre de Moraes vai diminuir muito, e ele vai ficar mais vulnerável, mas o momento aqui não chegou. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Glenn. Então, passo a palavra aqui ao último orador inscrito, Senador Eduardo Girão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Muitíssimo obrigado, Presidente. Mais uma vez, agradeço ao nosso convidado presente, Glenn Greenwald. Falei certo? O SR. GLENN GREENWALD (Fora do microfone.) - Muito bom. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muito obrigado. Também agradeço ao Sérgio Tavares, português, que continua conosco para responder aqui a algumas perguntas. E o Glenn falou uma coisa agora que me retomou à última vinda sua aqui ao Senado. Faz quanto tempo que você veio para participar de uma audiência? O SR. GLENN GREENWALD - Cinco anos. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Cinco anos. Essas imagens, é interessante você pegá-las depois. Quando ele veio aqui - eu não lembro exatamente a qual Comissão -, estava cheia aqui esta sala, estava lotada, com repórteres ali, Parlamentares, e hoje a democracia seletiva que a gente vive no Brasil, você não tem nenhum. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Tem a Revista Oeste, aqui atrás. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não, eu digo... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só para fazer justiça. Tem mais dois repórteres aqui. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A Revista Oeste, a Gazeta do Povo e a Rádio AuriVerde, que está, inclusive, transmitindo. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Já que você provocou, só quero falar que tem três repórteres aqui cobrindo esta audiência. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas o que eu estou falando... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Revista Oeste, Portal Claudio Dantas e Gazeta do Povo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Esses são os verdadeiros veículos independentes hoje do Brasil, na minha opinião. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - E o portal da AuriVerde também transmitindo ao vivo. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ele está transmitindo ao vivo desde o início. Infelizmente, esse assunto não interessa aos grandes veículos de comunicação, e eu tenho perguntas aqui nesse sentido, porque eu sou um jornalista frustrado, eu não me formei. Eu estudei jornalismo, mas, devido a ter que trabalhar viajando muito, não pude terminar, mas vou terminar ainda o meu curso de jornalismo. Eu fico profundamente constrangido quando eu não vejo a busca pela verdade, o contraponto do jornalismo; é importantíssimo o contraponto para você ver. O que o Deputado Marcel van Hattem acaba de trazer aqui sobre o Consórcio Nordeste, sobre os respiradores na época da pandemia, eu acho que não teve ninguém que bateu tanto nisso naquela CPI, que teve aqui, como eu, porque eu sou do Nordeste e vi as pessoas, Senadora Damares, conterrâneos meus, morrendo lá. Esses respiradores, que custaram R$50 milhões, quase isso, nunca chegaram. E nós estamos vendo aí que compraram tudo, menos respiradores, até carro. E foi uma blindagem aos Governadores e aos Prefeitos por uma questão política, e nós vimos isso claramente. Essa revelação que o Marcel traz agora dizendo que jornalistas de grandes veículos de comunicação do Brasil e do mundo falando aí que sabiam de tudo isso, que sentiam que precisavam dar, mas não traziam, porque isso não colaborava para atacar o Governo Bolsonaro, muito pelo contrário. Quer dizer, é seletivo o que a gente está vendo no Brasil, mas é aquela velha história: a verdade sempre triunfa - a gente sabe disso -, e, o quanto antes, a gente espera que aconteça novamente aqui. |
R | Peço à nossa equipe competente aqui da Comissão que passe dois vídeos. Pode colocar um junto com o outro. São o vídeo 3 e o vídeo 4. Depois, eu quero fazer as perguntas ao Sr. Glenn e ao Sérgio. Por favor, esses dois vídeos. (Procede-se à exibição de vídeo.) |
R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tem um vídeo de um minuto. É o vídeo 4, não é isso? (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Tem como melhorar esse áudio? Se puder voltar, eu agradeço, se puder melhorar esse áudio. É muito importante. (Pausa.) Do começo e com o áudio mais alto, por favor. (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ora, Sr. Presidente, esse áudio aí foi feito pelo Oswaldo Eustáquio e publicado pelo jornalista Sérgio Tavares, que revelou uma grande preocupação com relação à integridade física do Tagliaferro, mais uma revelação, porque é a vida dele. Agora, o Sérgio Tavares, jornalista, acabou de ir para o aeroporto, mandou uma mensagem aqui. Realmente, nós acabamos prolongando muito a nossa sessão. Eu vou fazer a pergunta aqui ao jornalista Glenn. O senhor tentou entrevistar, conseguiu de alguma forma falar tanto com o Sr. Eduardo Tagliaferro, ex-Chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, como também com o Sr. Marco Antônio Martins Vargas, Juiz Auxiliar do gabinete do Ministro Moraes, e o Sr. Airton Vieira, Juiz Instrutor no gabinete do Ministro Alexandre de Moraes, que foram convidados para esta sessão? Não vieram. Mas o senhor, dentro do seu trabalho, tentou conversar, conseguiu conversar com eles? O SR. GLENN GREENWALD (Para expor.) - Eu preciso tomar muito cuidado falando sobre qualquer fonte que eu tenho, qualquer pessoa com quem eu falei, porque é minha obrigação proteger o sigilo da fonte. Isso é uma coisa que eu tomo a muito sério, então não consigo responder diretamente essa pergunta, mas gostaria de comentar o vídeo sobre a fonte, sem comentar ou implicar qualquer coisa sobre quem é a fonte. |
R | Eu gostaria de falar que qualquer pessoa que passou esse arquivo, essa informação sobre o que estava acontecendo dentro do gabinete do Alexandre de Moraes, fez alguma coisa muito corajosa - muito corajosa. Qualquer fonte que fez isso merece todos os elogios, porque tem muitas outras pessoas envolvidas nesses atos e que sabiam que eram errados, mas tinham medo de se manifestar. E a fonte - ou fontes - fez isso sabendo o perigo, sobretudo porque ela estava denunciando coisas sobre uma pessoa que não só é a pessoa mais poderosa neste país, o que eu acredito que ele é, mas que também vai prender qualquer pessoa que ele queira sem pensar uma segunda vez. Então, a fonte sabia que estava enfrentando muito perigo, mas fez isso porque sentiu uma obrigação de mostrar a verdade. Então, acho que é muito fácil qualquer pessoa falar que a fonte "ah, deveria também fazer isso, aparecer...", mas o Moraes já mostrou que ele quer prender por muito tempo qualquer fonte que faça isso. Então, acho que precisamos ter um pouco de empatia com a pessoa que já fez coisas muito corajosas para mostrar tudo, mas que também quer se proteger, o que acho que é muito compreensível. E só, rapidamente, sobre a falta da atenção jornalística, acho muito interessante porque, geralmente, como jornalista, prefiro ficar independente, mesmo que já trabalhasse com grandes veículos, mas, quando tenho uma reportagem com muito significado, com muitas consequências, geralmente eu entro como parceiro de um grande jornal. No caso do Snowden, fiz muitas parcerias assim; aqui no Brasil, trabalhava com o Fantástico para fazer muitas denúncias relacionadas ao Brasil; na Lava Jato e "vaza jato", também fiz uma parceria com Veja e Folha. Porque a ideia é que, quando trabalho com as maiores revistas, os maiores jornais, é impossível ignorar. Podem ignorar mesmo a mim ou a qualquer outro jornalista fazendo coisas de forma independente, mas, quando está sendo divulgado num jornal maior no país ou em uma das maiores revistas, é geralmente impossível ignorar. E, mesmo que a Folha tenha feito tudo para ficar atrás, apoiar esse jornalismo - publicou muitos editoriais, colunas, com outros repórteres defendendo essa tese de que o que o Moraes fez foi errado -, muito rápido todas as outras instituições da grande mídia tentaram defender o Alexandre de Moraes e, depois, ignoraram, só quase falaram sobre o primeiro artigo. Porque tem muitas instituições, inclusive da mídia, que querem proteger o Alexandre de Moraes, e mostrar interesse na nossa reportagem é contrário a esse motivo. Só por causa disso eles querem ignorar. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Será que por causa disso, dessa proteção - é uma pergunta que eu lhe faço... O senhor já tocou um pouco nesse assunto. Essas reportagens geralmente seriam feitas em artigos, que publicam numa semana, passa um tempo, depois publicam - depois de uma semana, duas semanas -, para dar tempo de maturar, decantar... Foi um procedimento acordado com a Folha de S.Paulo fazer tudo ao mesmo tempo ou estava previsto outro tipo de divulgação com períodos diferentes? O SR. GLENN GREENWALD - A estratégia jornalística que eu prefiro, que eu uso geralmente e que sempre usei no passado, é publicar um, dois ou três artigos na primeira semana e deixar o público processar, deixar a mídia debater, deixar tudo ser entendido, processado, e, só depois, publicar mais um, e, depois de uma semana, mais um. Essa é a estratégia que eu prefiro, mas tem outra visão válida, jornalística, que é: "Não, não podemos esperar nenhum tempo. Quando um artigo está preparado, tem que publicar na hora". Isso é o que foi feito na Folha, e acho que isso, sim, prejudicou a capacidade de atrair muito a atenção, porque tinha tantos materiais, tantas divulgações, tantas impropriedades, que o público não tinha espaço nem tempo para processar. |
R | Eu entendo essa visão jornalística, mas eu prefiro o modo anterior. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas o senhor não tinha acordado com a Folha como seria publicado isso? Porque, às vezes, tem um compromisso prévio: "Vamos publicar esta semana, depois na outra...". O senhor entregou tudo e deixou na mão deles? Não teve uma conversa, um diálogo? O SR. GLENN GREENWALD - Tinha conversas. Eles respeitaram tudo o que eu estava fazendo. Tinha um bom relacionamento, mas não consegui insistir que tudo seria feito do meu jeito. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Entendi. O SR. GLENN GREENWALD - São editores e jornalistas bem experientes e, como eu disse, têm um argumento para fazer isto: quando está tudo pronto, não esperar. Para mim, esse não é o jeito certo de fazer, mas entendo muito bem, porque outros jornalistas veem isso de outra forma. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Esse inquérito da Polícia de São Paulo, em que depois o senhor foi abordado, e a outra jornalista da Folha de S.Paulo, foi logo no início da matéria, logo no primeiro artigo? Quanto tempo depois ocorreu isso? O SR. GLENN GREENWALD - Acho que um mês depois que começamos, mais ou menos. Não sei exatamente, mas foi logo depois que começamos, porque imediatamente abriu-se uma investigação criminal para tentar determinar ou descobrir quem era a fonte. E, logo depois, esta instrução foi incluída no processo, no registro: que a polícia tinha que chamar eu e o Fábio para fazermos um depoimento e sermos questionados. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O senhor não foi ouvido ainda? O SR. GLENN GREENWALD - Não. Nunca aconteceu. Nunca recebi essa ordem ou qualquer coisa, mas isso foi parte da investigação. O fato de que foi incluído mas nunca foi feito, para mim, mostra, mais ainda, o motivo provável. Queriam mostrar para a gente: "Agora vocês são parte de uma investigação criminal", mas eles sabiam que não conseguiriam chamar a gente, porque temos direito absoluto de não falar nada sobre a fonte, e o inquérito foi para descobrir a fonte. Então, eles provavelmente sabiam que não iam chamar a gente, mas queriam que nós pensássemos que eles iriam. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Intimidação. O SR. GLENN GREENWALD - Exatamente. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Foi para intimidar. Flávio, o senhor gostaria de fazer uma... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Pode continuar perguntando. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O senhor escreveu no seu perfil da rede X, em agosto de 2024, abro aspas aqui: "Começamos hoje a publicar uma série de matérias produzidas com base em conversas entre assessores mais próximos de Moraes - incluindo áudios, textos e documentos - documentando o que realmente aconteceu dentro do STF e do TSE em alguns de seus atos mais polêmicos" - fecho aspas. Sem revelar o segredo da fonte, é claro, naturalmente, o senhor já falou aqui, um colega já perguntou sobre os seis gigabytes... É isso? (Pausa.) |
R | Os seis gigabytes que tem. Estamos vendo o Eduardo Tagliaferro muito preocupado, e pergunto se o senhor se sente seguro aqui no Brasil, detendo essas informações contra um Ministro da Suprema Corte brasileira? Como é o seu estilo de vida hoje? Toma algum cuidado especial, com segurança, com a sua família? Como é o sentimento de um jornalista norte-americano, que tem demonstrado coerência, sendo independente, em vários momentos da história do Brasil? Inclusive, o Michael Shellenberger, que também é norte-americano, junto com outros jornalistas brasileiros, conseguiu trazer à luz os Twitter Files, os arquivos do Twitter, cujas decisões secretas estão muito claras, de plataformas que receberam instruções claras, Senador Flávio Bolsonaro, de censurar brasileiros de um espectro político ideológico. E agora, nos Estados Unidos, lá na Europa, nós conversamos com brasileiros que disseram, claramente, para a gente que, quando tentaram entrar no Brasil, recentemente, foram perguntados sobre o que eles pensam da política e por que se manifestam tanto sobre política. O jornalista Sérgio Tavares foi uma vítima disso. Ficou no aeroporto quatro horas respondendo... Aliás, não respondeu, porque isso não tem que responder, mas foi constrangido, vamos dizer assim. E esteve aqui um policial da Polícia Federal, que é uma das entidades mais acreditadas do Brasil... E a gente tem que ver o conjunto da história, muito positivo, da Polícia Federal, mas parece que tem um destacamento hoje, Senadora Damares - parece não, tem - junto do Ministro Moraes, que cumpre ali uma missão que me parece fora do espectro, porque o Ministro Moraes é o chefe e não diretor da Polícia Federal. Veio um senhor aqui nesta Comissão e revelou que 120 mil brasileiros, isso deixou os Senadores muito preocupados aqui, são monitorados - 120 mil pessoas, não apenas brasileiros - por suas opiniões. Então, o senhor se sente seguro? O senhor tem passaporte americano, porque... De alguma forma, passa pela sua cabeça algum tipo de constrangimento que possa ter? O senhor tem receio pela sua integridade física e a da sua família com o que a gente está vendo no Brasil de perseguição, de intimidação? Isso é uma pergunta que eu gostaria de lhe fazer também. O SR. GLENN GREENWALD - Sim, eu fiz muita reportagem, já mencionei, que a gente podia chamar de perigosa, arriscada, porque ia provocar a raiva de pessoas muito poderosas, de países poderosos, e nunca tive hesitação, anteriormente, porque era minha obrigação como jornalista, eu acredito. Se você não quer correr riscos, pode encontrar uma outra profissão. Para mim, fazer jornalismo de uma forma boa é necessariamente enfrentar riscos e, se não quiser fazer isso, deve fazer uma outra coisa. Quando comecei a denunciar, a criticar o Moraes, foi a primeira vez na minha vida que eu pensei: isso vale pena? Eu deveria fazer isso? Talvez o risco seja maior e não justifique eu enfrentar esse risco. Eu tenho filhos, e agora estão dependendo de mim, estou criando-os sozinho. Então, eu pensei: "Esse cara não tem limites, a sociedade não está impondo limites, ele pode fazer qualquer coisa que quiser". |
R | No fim das contas, eu não aceito essa preocupação, esse medo, como eu disse, eu preciso seguir em frente mesmo com os riscos, mas foi a primeira vez que pensei assim, porque eu nunca enfrentei uma pessoa tão autoritária, sem limites nenhum, mesmo contra os Estados Unidos, a CIA, a NSA, coisas da Lava Jato, nunca enfrentei uma situação assim. Sobre essa censura de que V. Exa. estava falando, eu quero enfatizar mais uma vez que esse poder de censurar que foi dado para Alexandre de Moraes foi só sobre a eleição de 2022. Terminou, como a Cármen Lúcia disse com muita clareza, um dia depois da eleição de 2022, ou seja, no dia 31 de outubro, mas ele continuou a usar esse poder de censura até conseguir obter ordens de censura que ele mandou para todas as plataformas com esse mesmo esquema: "tem 24 horas para censurar, se não o fizer vai ter multas enormes". E ele continuou a censurar pessoas só por causa dos fins políticos. Eu não entendo como isso pode ser aceito ou tolerado, porque disse o STF que esse poder termina um dia depois da eleição, mas ele simplesmente usa isso até hoje. E, como eu disse, acho que um dia, mais cedo ou mais tarde, espero que alguém vá pensar que esses abusos são demais e que não podemos aceitá-los mais. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - É uma questão de ordem. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Pois não. A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para interpelar.) - A pergunta do Girão é muito séria e a resposta dele é grave. E, Glenn, estão aqui o Presidente da Comissão de Segurança do Senado e a Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, quem protege jornalista neste país é o Ministério dos Direitos Humanos. Nós podemos, acionados pelos membros, aqui tem membros das duas Comissões simultaneamente, aprovar um requerimento e pedir uma proteção especial à sua vida. Não se omita, não tenha, assim, nenhum dedo de pedir a mim ou ao Senador Flávio. Nós faremos prontamente, colocamos esse requerimento em votação imediatamente, mas a gente não pode nem imaginar que você ou seus filhos corram algum risco, porque um tirano que se sente dono do Brasil está no poder avançando todas as regras da legislação. Então, eu quero me colocar à disposição e acho que o Flávio também se coloca à disposição... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Só para complementar... A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) - ... para a gente fazer o pedido de proteção à sua vida. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Se essa for a vontade do Glenn, certamente a gente toma as providencias legais aqui, Glenn, não tem problema nenhum. Acho que ninguém se oporia a buscar esse amparo por parte do Estado, com a obrigação de proteger as pessoas que fazem um trabalho como você faz, em especial de jornalismo, então, fique à vontade. Vou só passar a palavra ao Senador Magno Malta, porque depois eu também quero só trazer a público um áudio que acabei de receber da defesa do Tagliaferro. Pois não, Senador Magno Malta. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Para interpelar.) - Senador Flávio, Senadora Damares, Senadores, recebi aqui uma mensagem que foi enviada a mim através do celular do Senador Girão, que foi com quem eles fizeram o primeiro contato. O contato é do Allan dos Santos e do pessoal da Timeline, pois se está transmitindo também ao vivo pela Timeline, nos Estados Unidos. "O Tagliaferro [diz o Allan dos Santos] me enviou um áudio avisando que em breve irá denunciar tudo o que sabe e que por hora está cuidando de coisas pessoais para se manter em segurança. Estamos retransmitindo essa importante audiência do Senado com muitos comentários", e mandou um áudio autorizando colocar no ar. |
R | Eu vou colocar. (Procede-se à reprodução de áudio.) O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Esse é um áudio do Tagliaferro para o Allan Santos, lá nos Estados Unidos. Eles estão lá agora também. Queremos cumprimentá-los por estarem retransmitindo para os Estados Unidos essa entrevista e fazendo comentários, o que é muito importante. Esse áudio também é muito importante, Sr. Presidente, porque é o Tagliaferro dizendo exatamente que está se preparando para contar tudo, para falar tudo, e usa uma palavra muito importante: "Eu não acho justo tudo o que está acontecendo e da maneira que está acontecendo". Então é possível que nós estejamos próximos de ouvir as verdades do Tagliaferro e a gente poder respirar um pouco de um ar mais puro do que nós estamos respirando agora, esse ar poluído no Brasil. Obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado, Senador Magno Malta. Quero agradecer também ao Allan dos Santos e prestar a ele e a família dele toda a nossa solidariedade. Agradeço pela transmissão também da Timeline. Não coincidentemente então, Senador Magno, recebi aqui também um áudio encaminhado pelo Sr. Eduardo Kuntz, que é o advogado do Tagliaferro. Então, autorizado pelo advogado, eu quero botar esse áudio, que também é um áudio do Tagliaferro. E parece que ele está assistindo também esta audiência. Então, vamos ver se conseguem ouvir melhor aqui. |
R | (Procede-se à reprodução de áudio.) O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Bom, em primeiro lugar, eu quero agradecer ao Dr. Kuntz por me enviar o áudio. Agradeci também ao Eduardo Tagliaferro, por dar uma satisfação a esta Comissão de por que não pôde comparecer. E quero agradecê-lo por se colocar à disposição para fazer essa conversa conosco, trazer as denúncias que ele entende que são justas de serem trazidas, e parabenizá-lo também pela coragem, pela coragem do Tagliaferro e pelo discernimento dele, como eu disse aqui no começo, que, na minha percepção, é uma forma até de ele se proteger, proteger a sua família - falar o que ele sabe, que nós acreditamos seja muita coisa, pelo tempo de convivência, pela quantidade de ordens absurdas oralmente que ele deve ter recebido de Alexandre de Moraes, o que foi divulgado, apenas o que estava na conversa, no telefone dele, pelo que eu entendi. Não sei qual foi a fonte, mas como o Glenn falou, uma fonte legal, sem revelar qual foi, mas falando que foi legal. Então, aqui eu quero que agradeça ao Dr. Kuntz e também ao Tagliaferro. E vamos o quanto antes, assim que a defesa nos provocar, dizendo que o cliente dele está preparado para falar, nós faremos aqui, o mais rápido possível, outra audiência pública para tornar de conhecimento do Brasil e do mundo o que é que o Eduardo Tagliaferro tem a dizer a todos os brasileiros. Então, muito obrigado aí. Continua com a palavra, Senador Eduardo Girão. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A gente já caminha para o encerramento. Eu só tenho mais uma pergunta a fazer, mas antes, Glenn, o senhor falou que refletiu bastante se deveria entrar em mais essa jornada jornalística, mergulhar mais nesse trabalho de grande repercussão no Brasil. O senhor disse que pensou, porque via um sistema aqui diferente, autoritário, no Brasil. Eu lhe pergunto: e depois que o senhor foi informado desse inquérito, logo depois da publicação dos primeiros artigos, o que o senhor tinha dúvida, o senhor tem certeza, o senhor se arrepende de ter feito esse trabalho, ter iniciado essa jornada? O SR. GLENN GREENWALD - Como eu disse, isso faz parte do trabalho jornalístico. Quando eu estava fazendo a reportagem... não consegui sair do Brasil por quase um ano, por causa da ameaça do Governo dos Estados Unidos. Vamos lembrar que eu fui processado criminalmente em 2020, pelo Ministério Público, por causa da reportagem que estava fazendo sobre a Lava Jato, mesmo que tenha sido rejeitada pelo juiz. Então, tem jornalistas na guerra, tem jornalistas morrendo e sendo presos por causa do jornalismo. Para mim, isso faz parte do trabalho e, para ser sincero, quando estou recebendo uma ameaça assim ou alguém está tentando criar um clima de intimidação, isso fortalece a minha determinação de seguir em frente. Não me impede, porque, para mim, isso mostra exatamente o uso do poder que tem que ser enfrentado e divulgado. Então, tem um efeito contrário para mim. |
R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito. Então, eu peço o último vídeo, por favor, para que a gente possa fazer aqui o último questionamento. (Procede-se à exibição de vídeo.) |
R | O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Olha, Presidente, eu fico até assim... O que é que a gente precisa falar mais? O que é que a gente precisa saber mais? O nosso querido Glenn falou que tem dois artigos que ainda está tentando confirmar com as fontes e tudo, um trabalho cuidadoso que ele faz. Eu imagino o que possa vir ainda, porque não precisa de mais nada, mas eu acho que talvez precise de mais alguma coisa para que a gente possa acordar para o que está acontecendo no Brasil. Eu fiz aniversário, dois anos atrás, de 50 anos - para você ver o nível em que nós chegamos -, e, lá em casa, reuni uns amigos, em casa, uma coisa... E eu gosto de cantar, eu gosto de rock. Eu gosto de Legião Urbana, do Renato Russo, Senador Magno Malta. Eu fui cantar uma música: Que país é esse? Eu fui cantar a música de que eu gosto e tal, e um familiar disse: "Gostei, eu vou botar aqui na minha rede; botei". No outro dia, sabem o que saiu? Olhem a versão: Nas favelas, no Senado Sujeira pra todo lado [...]. É assim que a música começa, e eu fiz uma adaptação, uma licença poética - eu fiz, eu produzi filmes também. Aí eu fiz uma licença poética: "Nas favelas, no Senado e no STF, sujeira pra todo lado...". Aí um veículo colocou: "Eduardo Girão ataca o STF". Isso é uma licença poética. É o terror que a gente vive. Senador Marcel, já estou profetizando aqui, Deputado Marcel van Hattem, o senhor foi para a tribuna. Olhem o nível em que nós chegamos de democracia neste país: o senhor foi para a tribuna e está sendo intimidado, perseguido, inquérito, a Polícia Federal em cima! Na tribuna, indiciado um Parlamentar! |
R | Tem um colega nosso aqui chamado Marcos do Val, que está sem o passaporte, coisa que a gente via na época do nazismo; que está com as contas bancárias - ele trabalhou a vida inteira - bloqueadas com uma multa de R$50 milhões! Quando eu falo isso lá no Parlamento Europeu, lá nos Estados Unidos - porque nós estamos denunciando num grupo o que está acontecendo no Brasil -, ninguém acredita. Os Parlamentares - não é verdade, Marcel? - dizem: "Não, você está de brincadeira, não existe isso!". Eu digo: "É Senador, para você ver o nível, imagine um cidadão comum". Nós estamos aqui com os Diretores da Asfav, que é a associação das vítimas do dia 8 de janeiro, a Carolina Siebra e o Ezequiel. São milhares de vítimas de Alexandre de Moraes, com esse tipo de arbítrio no Brasil, sem direito à defesa, ao contraditório, sem acesso aos autos. O estrago que está sendo feito é por gerações: de uma mãe que não vê o filho; de um filho que não enterra o pai. Nós estamos vendo todo tipo de absurdo, e eu fico imaginando o que mais falta para acontecer. Olha, Glenn, eu não vou nem fazer mais perguntas porque... Se o senhor quiser colocar, fique à vontade, esta Comissão é do senhor aqui. O SR. GLENN GREENWALD - É exatamente isso que muitas vezes tem muitas pessoas me cobrando: "Ah, por favor, mostre tudo, mostre a verdade para deixar a gente provar que Moraes é isso ou...". Eu estou sempre falando: já fizemos, já tem esses materiais bem mais do que suficientes para provar, sem a menor dúvida, que tudo foi feito da forma errada. Até estão admitindo "entre nós", como eles falaram, que isso não está certo, que precisam esconder, precisam conspirar para criar uma outra visão, para esconder... E não é só isso. Vou falar que, quando estava me preparando para aparecer aqui, eu li todos os artigos que publicamos. A primeira vez, foi sete, oito meses atrás, não li. Então, eu li na semana passada tudo. Eu fiquei mais indignado do que nunca. Tinha uma percepção de que: "Não mostramos nada errado, foi tudo inocente...", porque eu ouvi esses áudios e muitos mais. Ele está inventando uma investigação contra pessoas que os estão criticando e, quando ele ouve, não tem evidência para justificar e fala: "Use sua criatividade"? Quem fala isso? Que juiz ou policial usa criatividade quando não tem evidência de um crime? "Invente, só seja criativo"? Essa coisa aqui é tudo que o Moraes estava fazendo. Obviamente foi ele. Mesmo que ele não estivesse falando, ele estava causando essa pressão. Em outra vez, ele também participou dessa tentativa de esconder o que ele estava fazendo, porque todo mundo sabia. É muito óbvio que ele abusou de seu poder em vários exemplos, usando o TSE para assuntos que não tem nada a ver com eleições; para assuntos pessoais; para perseguir os inimigos políticos dele. Essa foi a linguagem que a Folha usou: tudo foi feito, essa fraude, como se tivessem sido enviados de forma espontânea para a Corte Eleitoral. Isso é que foi uma fraude, porque, em tudo que ele falou, ele disse que uma investigação foi iniciada pela Corte Eleitoral, pelo TSE, e nunca falou que quem iniciou a investigação foi o próprio Alexandre de Moraes. Tudo foi fraudado, tudo foi escondido, porque eles sabiam, eles acharam que nunca ia ser público, que ninguém ia descobrir o que eles estavam fazendo. E, se eles escondessem tudo de forma suficiente, ninguém ia saber. E isso mostra não só que eles fizeram coisas erradas, mas que eles sabiam o que estavam fazendo, que estavam errados. Isso é uma voz de culpados, não de inocentes. |
R | O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Para interpelar.) - O que mais dói nisso tudo é que tudo está revelado, está claro, mais do que o suficiente, Senador Flávio - mais do que o suficiente -, para o Senado impitimar esse cara. Meu Deus! E a gente ainda tem Senadores aqui - desculpem-me falar na ausência, mas eu não vou dar o nome de ninguém - que são pessoas bem-sucedidas na vida, que não são de esquerda, que não são Psol, não são nada, mas estão na base desse Governo, mesmo sendo prejudicados. Por exemplo, nós temos muita gente aqui do agronegócio, que são Senadores... Assim, o que me apavora é que todo o material, toda a verdade está exposta. O fato, esse fato agora que ontem comentamos tanto, de o Supremo ter uma comunhão de conversa com os Presidentes das duas Casas para procurar uma maneira de diminuir as penas e tal... Gente, pelo amor de Deus, aonde nós chegamos? O que o Supremo tem a ver com isso? Nós estamos falando é de anistia; nós não estamos falando aqui de diminuir pena de quem não cometeu crime. E, se eles estão admitindo isso, de reduzir pena, essa é a prova mais contundente de que o que eles falam sobre o golpe é mentira. Eles estão se autodesmentindo de uma mentira que eles criaram. E, por tudo o que foi falado aí - você falou uma coisa correta -, o que mais tem para fazer? E nós vamos recorrer a quem? A Deus? Nós vamos recorrer ao próprio Alexandre de Moraes? Nós vamos recorrer ao Supremo? Não! Mas tem o Senado. O Senado tem muito mais do que o suficiente para impitimar não só ele, mas Gilmar Mendes, que fala: "Sem o Supremo não haveria Lula". O que ele está querendo dizer com isso? "Sem o Supremo, não haveria alguns agentes políticos que estão aí, bem à solta." O que ele está querendo dizer com isso? Está querendo dizer o seguinte: "Nós fizemos tudo; tiramos um descondenado, botamos na Presidência". Então, está tudo armado: as imagens que eles não entregaram; as imagens que eles destruíram; a Força Nacional, que não foi colocada em prática. Cadê o G. Dias? Até o general aqui tentou dizer que, na academia, ele era um cara bom e tal. Acho que... Sei lá... Eu não sou psiquiatra não, mas ele deve estar bom para tomar remédio. Cadê? Mas tudo estava arrumado - tudo estava arrumado. E eu falo para você que eu sou uma pessoa que procurei, Senador Flávio. Todos aqueles que estão ali com o G. Dias tomando água, aquelas figuras, eu as fixei todas, abrindo as imagens, e eu as procurei no presídio. Aqui tem advogados, advogados que visitavam todos, um por um. Nenhum daqueles estava lá! Nós não achamos um daqueles, daquela imagem com o G. Dias. |
R | E o próprio Lula, num ato falho, fala assim: "Alguém abriu a porta por dentro. Alguém abriu a porta por dentro". Aí a gente vê um monte de inocente pagando e um monte de Senador se recusando a assinar o impeachment desse cara. Se depender e a gente não fizer força, Senador Flávio, o atual Presidente da Casa hoje não colocará, não colocará, não colocará. Eu não posso pedir vênia nem desculpa pela maneira franca como eu falo as coisas. Não colocará! E vemos o nosso povo sofrendo, nós estamos fazendo audiência pública, nós estamos discutindo, estamos choramingando, nós queremos anistia, quando o Senado tem a grande responsabilidade! E o que está se passando com o Brasil hoje? O Senado é responsável ou irresponsável? Então, eu acho que nós precisamos bater todo dia, nós precisamos nos organizar, essa tem que ser a nossa pauta, batendo na tribuna, com presença de Presidente ou sem Presidente sentado ali, sabe? Olhando no olho! Porque eu acho que deve ser muito vergonhoso, porque ganhar uma eleição para Senador é difícil para caramba, é pesado, não é, Flávio? É muito difícil ganhar uma eleição para Senador. Aí você ganha uma eleição para Senador, chega aqui pelas mãos do povo e depois vira subserviente de um Poder que nunca teve voto de coisa nenhuma, de porcaria nenhuma! São nomeados, são funcionários públicos e estão maiores, eles estão muito maiores do que Deus aqui neste país, do que esse Deus desse povo majoritariamente cristão... Ele está acima de tudo isso! Está acima de tudo isso. É o que você disse aqui: ele virou um cristal, ninguém pode tocar nele. O cara disse... Nesses dias em que não está acontecendo nada, ele está com a mente vazia, está sem nada para fazer, aí é um problema, não é? Mas, de vez em quando, ele está com dor de cabeça. Isso é um bom sinal para mim: Alexandre Moraes ter dor de cabeça. É um bom sinal, não é? Vamos aumentar a dor de cabeça dele, vamos aumentar. Então, eu lamento ver, com muita tristeza, e falo me dirigindo a todos os estados e famílias de Senadores, a familiares de Senadores, chame seu pai, fale com seu esposo, fale com seu primo que é Senador, sente-se lá e fale: "Nossa família está assistindo tudo". Você que votou encosta no cara e diz: "Rapaz, eu não votei em você para isso não! Eu votei em você para ir lá libertar o Brasil, você está quieto, você está calado". "Não, nós temos uma pauta extensa, o Presidente Pacheco realmente saiu e fez duas coisas importantes: a decisão monocrática e votação da PEC das drogas". Essas duas coisas foram votadas porque nós nos insurgimos no Plenário, todos nós nos insurgimos, isso não saiu da boa vontade do Sr. Pacheco não. Então, é triste, Senador Girão, é triste, é triste! Eu sei, eu estou aqui no meu terceiro mandato e você está indo para o seu segundo, não é? Vai passar. Certamente. Vai dar certo, vai dar certo. A gente tem... (Intervenção fora do microfone.) O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Não, certamente. Você não precisa do meu apoio, você tem o sobrenome Bolsonaro, o maior líder, o maior líder, considerado um dos maiores líderes da direita do mundo hoje: Jair Bolsonaro. O maior líder deste país! Você é o primogênito dele e, certamente... |
R | Não é que você não precise trabalhar, porque precisa, porque eleição é eleição. Certamente, da sua primeira vez, eu estava lá junto e vou estar junto novamente desse processo, porque eu espero realmente que a gente, além de trazer Jair Bolsonaro, que não cometeu nenhum crime, é o crime mais hilário que eu já vi na minha vida... Você, como jornalista, não sei se você leu a peça do Gonet, é uma coisa que não dá nem para rir, porque, quando começa a ficar engraçado, fica triste. Dá pena ver um homem que é professor disso e daquilo escrever um troço desses, trocando a própria história dele só para ser reconduzido; mas eu quero dizer a ele que, se ele for reconduzido e vier aqui, o pau vai quebrar nas suas costas, Gonet, vai quebrar nas suas costas. Da minha parte, vai ser tempo ruim o tempo inteiro - da minha parte, vai ser tempo ruim o tempo inteiro. Eu peço às famílias dos Senadores... Não quero citar o nome de ninguém, mas é muito feio - é muito feio -, é deprimente, é vergonhoso. Aqui tem Senador que tem vergonha de usar o broche, de ser identificado em um aeroporto qualquer. Também, andar em aeroporto hoje não é para qualquer um, não, não é para qualquer político, não. Andar em aeroporto aqui, no Brasil, ou ir a uma feira ou ir a um shopping, não é para qualquer um. Veja o descalabro a que este país chegou por conta desse tipo de político, desse tipo de político que ouve Barroso dizer que a Corte hoje não é mais uma Corte política. Eles dão palpite, assoviam em tudo, falam fora dos autos, falam com âncora de televisão mandando mensagenzinha. Quer dizer, não dá nem para chamar essa gente de blogueira, eles estão muito mais para avião da notícia. Porque tem o avião, não tem? O avião... Puf, anuncia; o avião anuncia: "Olhe, está vindo a polícia ali". Eles estão mais para o avião da notícia do que para blogueiros, e é infame ouvir isso, infame ver o dinheiro do povo brasileiro ser gasto com essa gente, para mentir para o nosso povo, simples, que ainda vê TV aberta no Brasil. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Presidente, eu não tenho perguntas mais para o Glenn, eu queria só fazer um fechamento aqui, depois dessa fala do Senador Magno Malta. Foi-se o tempo, Senador Magno Malta, em que os corruptos deste país tinham vergonha de andar em avião, de andar em restaurante. Eles voltaram sem pudor nenhum. Tem gente aí que estava com assessor com dinheiro na cueca, dólares, e que está aí nas lideranças da vida, voltando à cena do crime. Então, só povo na rua, porque este Senado é covarde. Eu não vejo expectativa, Senador Magno Malta. "Ah, falar com a família", bacana, vamos tentar, vamos tentar falar com a família, com os amigos... Se bem que vai ter eleição agora. Ano que vem, dois terços do Senado vão atrás da reeleição. Temos uma esperança, porque já tem gente correndo nas ruas, pegando apoio, então a população tem a chance de já cobrar o impeachment imediato do Ministro Alexandre de Moraes. Não tem o que esperar, 2026 pode ser tarde demais. Eu sei que é a data limite do Brasil, mas pode ser tarde demais pelo estrago que a gente está vendo, de sofrimento, de desrespeito à Constituição do Brasil. |
R | Uma coisa que me marcou muito, o senhor é jornalista, teve um jornalista da Reuters que esteve aqui na CPMI, foi muito bem, foi até um requerimento meu, porque... Lembra daquela foto no Palácio do Planalto, na invasão do dia 8 de janeiro, uma foto que saiu, rodou o mundo? As imagens vazadas pela CNN depois mostraram que aquela foto foi combinada. "Vamos fazer de novo?" "Não, não, não ficou legal, vamos de novo". É coisa de teatro, que o G. Dias estava lá. Então, eu perguntei ao jornalista... Esta sessão vai completar quatro horas agora; nesse dia, foram 11 horas, se eu não me engano, de sessão. E eu perguntei ao jornalista, acho que era Adriano, e ele disse "é, eu vi pelotões aqui, batalhão parado enquanto estava acontecendo a quebradeira no estacionamento do Ministério da Justiça". E, depois, nós chamamos outras pessoas que confirmaram aquilo. Então, quer dizer... Só que o Governo Lula impediu que a gente conseguisse as imagens, conseguisse buscar a verdade naquela CPMI, mas ainda bem que nós temos rede social. Não sei se teremos amanhã. O cerco está fechando para calar o povo brasileiro através do controle das redes sociais. A gente sabe disso, que é uma obsessão dos poderosos de plantão. Nós estamos num regime do STF, que é muito importante para a democracia, a gente não pode generalizar. O STF é um pilar da nossa democracia, sempre foi, mas, pelo abuso de alguns ministros do Supremo, esse regime, Lula e alguns ministros do STF estão causando esse estrago, e só o Senado Federal, o brasileiro já entendeu, pode fazer alguma coisa. Então, nós temos um pedido de impeachment, Senador Flávio Bolsonaro, com 152 Deputados Federais assinando, 34 Senadores assinando agora, recentemente, no ano passado, que está lá na mesa do Presidente do Senado. Isso aqui resolveria o problema. Então, as manifestações no Brasil sempre mudaram o cenário, sempre foram importantes na história do nosso país, de viradas positivas. Nós não podemos sair das ruas de forma ordeira, pacífica, respeitosa, como sempre foram as manifestações que nós tivemos ao longo da história do Brasil. Nós não podemos sair das ruas e precisamos cobrar não apenas a anistia. Sei que vai ter um evento no dia 7 de maio agora, estarei presente na praça da... O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Fora do microfone.) - No dia 7. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - No dia 7 de maio, na praça ali da torre, às 16h, caminhando até o Congresso Nacional. Estaremos juntos, não é, Senador? O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Fora do microfone.) - Com certeza. O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Estaremos juntos com a população, e não podemos sair. Tem que ser mensalmente, porque está ecoando aqui dentro. As pessoas pensam que não... Não desistam do Brasil! Estão ecoando aqui dentro os gritos das ruas. Vamos continuar, é persistência. Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura, até que essa ditadura caia, e ela vai cair, especialmente com os brasileiros. Tem movimentos internacionais. O mundo está acordando para a "juristocracia" que existe no Brasil, mas o brasileiro vai ser importante não desistindo. Quem continuar orando estará ajudando muito o Brasil. Nós somos a maior nação católica do mundo, a maior nação espírita do mundo, a segunda maior evangélica, quase chegando à primeira, muita gente orando pelo Brasil. Continue orando, mas aja também com a influência que você puder, no seu condomínio, no seu trabalho e nas ruas, porque os nossos filhos e netos precisam agora da nossa coragem. |
R | Então, Senador Flávio, parabéns, não apenas pelo seu aniversário, mas pela condução que o senhor teve nesta sessão, uma condução exemplar, de forma muito serena, dando voz a todos os Parlamentares. Não sei se o senhor vai abrir também para alguém que queira se posicionar, mas eu acho que já foi muito produtiva a nossa sessão aqui, no Senado Federal, com as revelações corajosas trazidas pelo Glenn e pelo Sérgio Tavares. Muito obrigado. Que Deus abençoe a todos. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Obrigado... O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Sr. Presidente, eu só quero ler aqui, porque foi uma pessoa muito importante que me mandou. A gente falou em G. Dias, e G. Dias algumas vezes foi defendido. Aqui, o General Girão só lamentou porque foi colega de turma dele e ele não esperava nunca nada disso. E a gente sempre soube que ele era da turma, que ele faz parte da patota; ele está fora dos 36 indiciados; ele não participa de nada disso, o nome dele está fora de tudo, ninguém toca no nome desse cara, e foi quem facilitou tudo e participou desse plano macabro que já caiu por terra. "General G. Dias. Novembro/1975: preso por 20 dias na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) por ter colado em prova." Na Bahia, falam filar; o cara estava filando na prova; o cara estava colando em uma academia militar. E, normalmente, o cara que frauda é pego, né? E G. Dias, pela idade que tem, vai ser pego de fralda, não é pela fraude. Agora tem aqui, olhem: "Capitão Bolsonaro. Outubro/1975: elogiado na Aman por ter acusado grau maior em prova ( e ele pediu para diminuir sua nota)". Quem é quem? Dá para se comparar ao quê? Então, o ódio do sistema, Glenn... Você, hoje, para a esquerda é só um blogueiro, um blogueiro que se vendeu... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Fascista. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - ... um fascista, e que agora é bolsonarista. O ódio é porque Bolsonaro é honesto! O sistema que navega há tantos anos encontrou... Vocês já viram essas máquinas de fazer caldo de cana, aquelas manuais, de ficar rodando para a extração? Tem muito em parque no interior. E tem aquela roda dentada, uma na outra, né? Jair Bolsonaro foi, mais ou menos, um parafuso que caiu ali dentro, entre uma roda dentada e outra, e o trem emperrou, emperrou, e eles estão empurrando para tentar amassar aquele troço, para ver se tiram dali. Aquele parafuso ficou ali dentro amassado, deste tamanhozinho, e incomoda o sistema. É igual quando você está na churrascaria e fica uma lasquinha de carne entre um dente e outro, e você não acha um palito. Que desespero do caramba! Que desespero do caramba! Então, eles estão atrás desse palito e não estão achando - não estão achando -, porque Jair Bolsonaro chegou aí... Se cair um cisco no olho, você entra em desespero. Jair Bolsonaro é cisco no olho. Então, a honestidade de Jair Bolsonaro contra a desonestidade e a carreira de G. Dias prova muito bem por que G. Dias é tão colado ao sistema, porque ele é capaz de fazer as execuções pelo esgoto, de andar por dentro do esgoto, e é tão diferente de um que tão somente é capitão e que tem uma vida honrada. Você não gosta de Bolsonaro porque ele é grosseiro? Você conversa muita coisa com ele, e ele só fala "está o.k." para você; e muitas vezes não está nem olhando para você e fala "está o.k., está o.k.", sem olhar para você, certo? Chega um filho dele fazendo festa. "E aí, pai!", e não sei o quê... E ele fala: "Está bom, está bom, está bom!" E ele bate nas costas. E aí você fala: "Caramba, caramba... E, Flávio, vai abrindo os braços, e tomou dois tapinhas nas costas: "Está bom, está bom, está bom, está bom". Mas ele não é ladrão, ele não é desonesto. Ele teve coragem de se tornar aquele parafusinho que caiu dentro, ali no meio da roda dentada, e emperrou o sistema. E o sistema, então, o escolheu para Cristo. |
R | Agora você veja uma coisa. Eu não sei se chamo ele de Jair Bolsonaro ou se chamo de Wolverine. Acho que é Jair Wolverine Bolsonaro, porque o bicho não morre. Dizem que gato tem sete vidas, mas Jair Bolsonaro tem vida de sete gatos. E vai ficar difícil, porque, não sei qual é a sua confissão de fé, mas acredito que creia em Deus... E eu vou concluir dizendo o seguinte: Não vai dar, a hora vai chegar mesmo, porque Jair Bolsonaro não é Jair Bolsonaro de si. Deus escolheu, Deus levantou, goste você ou não, goste da postura dele ou não, do que ele fala ou não. Agora, você é um jornalista inteligente. Você já imaginou essas assertivas dele? No auge da Covid, ele fala assim, ele aparece com a caixa de ivermectina na mão, e aí ele vira o terraplanista, ele vira o genocida do mundo, e depois a ciência diz: Não, a ivermectina é a vacina das vacinas. Não tem uma coisa assim de o cara falar "não, a Economia a gente vê depois, vamos trancar o povo dentro de casa"? O cara não queria. E, no meio de um tumulto daquele - você é um cara inteligente, você já refletiu sobre isso, que o cara não deixou ninguém passar fome, o cara inaugurou a transposição do São Francisco? No meio daquilo tudo, o cara conversou com o Putin para não faltar fertilizante aqui para o Brasil; criou um auxílio emergencial... Você não acha que tem a mão de Deus nesse negócio? Agora, você sabe que o esquerdista normalmente é ateu, porque o Estado é Deus. Se o Estado é Deus, não tem nada a ver com o Deus que nós cremos. E não há qualquer relação de amor da Bíblia de princípios com os princípios pregados pelo marxismo. Por exemplo, acusa daquilo que você é... Por exemplo, hoje eu sou antidemocrático. Sabe o que eu estou fazendo aqui agora? Um ato antidemocrático. Democrático é Alexandre de Moraes. Ele que protege a democracia, ele e o Barroso. Nós todos estamos aqui, inclusive você agora, que é um fascista, você está aqui comprometendo a democracia do Brasil; você que é um americano. E eles estão com muita raiva de Trump e tal, porque Trump está, assim, botando o nome das pessoas, mulher é mulher, homem é homem e tal, assim, está ali para colocar nos seus passaportes, e ele está indo contra as faculdades... O cara está lá defendendo o Hamas e estudando de graça, vindo de outro país, lá dentro dos Estados Unidos. Então, assim, o Trump está fazendo muita raiva a muita gente. Mas é o sistema, é o sistema. Agora, encerro a minha fala, e dessa vez definitivamente, não vou pedir mais para falar, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É porque a gente vai encerrar então. Se o senhor tivesse acabado de falar... O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Quem mandou isso aqui para mim, assim, eu não vou pagar dez apoios para eles... Eu tinha que falar da sua grandeza como jornalista. A gente, quando é vocacionado, é sacerdote da vocação, quando a gente abraça... |
R | Então, esse seu desprendimento de dizer "olha, eu dispenso que se peça uma segurança para mim e para meus filhos, porque eu escolhi isso, eu escolhi isso, eu não vou mostrar medo..." E essa é a verdade, porque, se você parar na frente de um cachorro valente, ele não te morderá- você pode estar tremendo por dentro, ele não vai te morder -, mas, se você correr, ele morderá sua bunda. É. Então, vamos continuar parados na frente do valentão, na frente da fera, ainda que humanos como nós somos. Eu não tenho medo nenhum dele; dessa figura aí, zero, zero. Aliás, eu não tenho medo de nada, eu só temo a Deus e mais nada, e mais nada. Mas você, na sua posição, quando você responde para a Senadora Damares e para o Senador Flávio, que prontamente, como Presidente da Comissão, poderia muito bem pedir essa proteção, porque, Senador Flávio, eu estou pedindo aqui na nossa Comissão uma proteção para a ex-Primeira-Dama do Peru, porque ela é um arquivo vivo... A FAB não foi lá buscá-la depressa por nada, não; a FAB foi buscá-la porque ela é um arquivo vivo. Eu nem quero falar dos outros arquivos que já se foram e eu sei quem são. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu boto em votação na próxima audiência esse requerimento de V. Exa. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - Sim, eu já mandei preparar para a gente poder votar, porque ela precisa ter uma proteção... O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Precisa. O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) - ... porque ela é um arquivo vivo. Por isso, Glenn, eu o parabenizo. Sei que você é farejador mesmo como jornalista, eu sei que é, porque foram seis meses, seis meses. Espero que você tenha concluído, ao final desses seis meses, que esse Magno Malta é de rocha, esse cara é companheiro, esse cara não fala, esse cara tem honestidade nas amizades dele. Sabe? Eu acho que esta foi sua conclusão e do seu pessoal: o cara é de rocha, é verdadeiro, o cara foi para a rua por crenças. Muito obrigado por ter vindo, por ter aceitado. Muito obrigado pelo que tem ajudado o Brasil. O SR. GLENN GREENWALD (Fora do microfone.) - Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Bom, eu quero agradecer a todos aí. Se quiser fazer uso da palavra, você, por favor, me avise. Agradeço ao Sérgio Tavares, que nos acompanhou. Mesmo em viagem, ele mudou a sua rota para nos atender e dar o seu depoimento aqui. Quero agradecer profundamente também ao jornalista Glenn Greenwald. Reforçando tudo o que foi dito, Glenn, na história do Brasil, quando os nossos filhos e nossas netas, lá na frente, estudarem, certamente terá sua digital no rumo que o Brasil está tomando. Parabenizo-o aí pela sua coragem e por ter vindo aqui. É muito positivo, Girão, agradecendo-lhe e parabenizando-o pelo seu requerimento para fazermos esta audiência, porque foi a oportunidade de a gente, na verdade, reavivar e pautar novamente a tantas pessoas que nos assistiram, inclusive de forma virtual, as atrocidades. A gente já tinha visto tudo o que foi mostrado aqui, mas a gente fica impactado demais de novo, porque, quando você vê pela segunda e pela terceira vez, você assiste de um jeito diferente e fica mais indignado com como o nosso sistema de processo penal, o nosso sistema judicial está passando a mão na cabeça de um absurdo como esse. Uma manipulação surreal e criminosa de processos está correndo na maior alta Corte deste país. E a conclusão a que se chegou é a seguinte: tem essa parte importante de a gente novamente relembrar as pessoas para que se indignem, para que nós consigamos ganhar, sim, ainda mais apoio popular para que ande aqui o impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, porque já está protocolado, mas é só com pressão popular que vai acontecer. Então, por enquanto, a gente ainda tem alguma dificuldade, mas quem sabe, daqui a um tempo, com a conscientização maior dessas pessoas ou com coisas que podem vir a acontecer, como o que aconteceu ao vivo para quem nos acompanhou aqui: o próprio Tagliaferro, um ex-auxiliar do Ministro Alexandre de Moraes, dizendo que está pronto, em algum momento no futuro próximo, para falar tudo o que ele testemunhou, enquanto uma pessoa que foi usada por Alexandre de Moraes e, quando não prestava mais, foi cuspida, jogada na lata do lixo e hoje tem medo de morrer e medo do mal que podem fazer para as suas filhas. Esse é o Dr. Tagliaferro, a quem mais uma vez eu quero agradecer pelo contato conosco e agradecer pela coragem. |
R | Eu não sei se esta é a intenção dele ou não, mas é um ato de patriotismo, inclusive, que ele está tendo ao se dispor... Estou vendo que ele está num beco sem saída e ele pode estar percebendo isto: "Estou num beco sem saída, não tem mais o que fazer. Se eu ficar quieto, o bicho come; se eu falar, o bicho pode..." De repente, vai embora, não é isso, Magno? (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Ele está parado na frente do bicho. Se ele correr... Então acho que ele tomou a postura correta de fazer isso. A gente aguarda ansiosamente que ele possa trazer à tona e a conhecimento público tudo o que ele testemunhou, porque o que apareceu aqui é o que estava nos áudios do telefone dele, nas conversas de que ele participava com outro juiz auxiliar do Alexandre de Moraes. Então eu quero... O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Fora do microfone.) - Ele tinha falado que não aguenta injustiça. O SR. PRESIDENTE (Flávio Bolsonaro. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Injustiça, não é? Ele não aguenta a injustiça. Que esse sentimento continue cada vez mais forte nele e que ele possa colaborar conosco aqui. Então eu quero, mais uma vez, agradecer a todos. Declaro encerrada esta audiência pública. Um bom dia! Obrigado a todos. (Iniciada às 11 horas e 22 minutos, a reunião é encerrada às 15 horas e 25 minutos.) |